quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Alcalá de Henares


Sexta pisei fora de Madrid pela primeira vez desde que cheguei.

A ESN, uma organizaçao que promove eventos para os estudantes estrangeiros, ofereceu uma visita guiada gratuita a Alcalá de Henares.

Alcalá fica a 30 minutos de Madrid, e é conhecida como a cidade de Cervantes. Mas por dentro da cidade - e graças à visita guiada - se descobre que esta sem dúvida foi uma das cidades mais importantes da Espanha e da Europa.

A história da cidade começou no Império Romano. Se chamava Complutum e era uma pequena vila romana. É daí que vem o nome da minha Universidade aqui: Complutense. A Complutense foi criada em Alcalá, há uns 500 anos, e só no século passado foi transferida para Madrid. Hoje Alcalá tem sua própria universidade, que funciona - em parte - nos prédios construídos para abrigar a Complutense quando esta ainda funcionava por lá.

Em Alcalá nasceu Cervantes, o famoso escritor espanhol que ganhou uma praça e é a principal referência quando se fala na cidade. Tem um pequeno museu na casa onde ele supostamente viveu, e também uma estátua do escritor e de Dom Quixote, no banco bem em frente.


Uma coisa que ninguém costuma falar (e que nao se encontra na Wikipedia, por exemplo, onde eu dei uma pesquisada antes da "viagem") é que foi nesta cidade que nasceu Catarina de Aragón. Pra quem nao sabe, ela foi a mulher de quem Henrique VIII da Inglaterra queria se separar. E, como a Igreja nao permitiu, o Rei criou a Ingreja Anglicana, fato que foi fundamental na Reforma Protestante.


Foi lá também que Colombo se reuniu com o Rei antes de sua viagem à América, para pedir autorizaçao e o financiamento da empreitada.

Por fim, a cidade também foi ocupada pelos mouros. E, apesar dos bombardeios durante a Guerra Civil espanhola, ainda conserva construçoes arquitetônicas árabes, assim como uma catedral católica gigantesca e um imponente palácio. Ah, também restou uma parte da muralha que no período medieval protegia a cidade.
Por causa de sua história variada, Alcalá é conhecida - e vendida - como a cidade das 3 culturas: católica, árabe e judia (esta última porque a cidade também foi o lugar escolhido pelos judeus para se reunirem clandestinamente durante muitos anos).


E o prédio do Rectorado da Universidad de Alcalá é sem dúvida a reitoria mais bonita que eu já conheci. Falando em estudos, a Bruna e o Silvio, alguns dos muitos ecanos que estudam por aqui, também foram ao passeio.

Resumindo, a cidade é pequena, charmosa, rica em história, com estilos arquitetônicos bem diferentes e está pertinho de Madrid. O busao ida e volta custa só 3,75. E como tem horários até a meia noite, depois de encerrada a visita eu fiquei mais um tempo na cidade pra ver a iluminaçao noturna - que deixa algumas atraçoes ainda mais bonitas.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Matrícula


Essa semana fiz minha matrícula na Complutense.

Como eu havia dito, os alunos visitantes têm algumas semanas para escolher as matérias, ver se gostam e depois se matricularem.

Eu já tinha decidido as matérias que vou fazer, e no outro post coloquei a lista e os horários. Mas faltava preencher a papelada, ir ao Servicio de Alumnos que fica no Vicerrectorado entregar tudo para ganhar o carimbo burocrata, e depois levar uma cópia e outros papéis no Pabellon de Gobierno para poder validar os créditos antes de voltar ao Brasil.

Ganhei uma carteirinha para ter acesso às instalaçoes da facul e às bibliotecas. E é bem legal pensar que esse pedaço de papel valida, com todas as letras, o fato de eu ser um aluno da Universidade. É como se o fato de estar fazendo intercâmbio e estudando aqui fosse consumado pela carterinha. Engraçado. Mas é parecido ao que senti quando peguei meu visto no Consulado.

Nao sei nem onde está o Centro Esportivo ainda. Vou procurar com calma depois pro caso de tomar coragem de fazer algum esporte no frio inverno que se aproxima. E o acesso às bibliotecas é sempre bom, mesmo que até agora nao tenha precisado pegar emprestado nenhum livro.

Agora só preciso esperar alguns dias pra acessar o Campus Virtual. Com isso, minha vida estudantil aqui, com relaçao à toda a papelada, fica resolvida.

Quando fazia a matrícula, senti vontade de ficar mais um semestre. Em relaçao à faculdade é um processo muito simples. Mas visto, seguro médico e despesas mensais nao contam a favor, o que me fez decidir deixar para pensar nisso um pouco mais pra frente. Tenho até janeiro para pesar tudo e decidir o que fazer.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

¡Un més!


Caramba!

Hoje faz um mês que cheguei aqui em Madrid.

Engraçado é que eu já fiz muita coisa, conheci muita gente e já entrei na rotina da facul a ponto de achar que estudo aqui há tempos. Mas mesmo assim tenho a impressao de está passando muito rápido.
Nesse 1 mês descobri o quanto Madrid é uma cidade agradável para se viver.
Faz sol quase todos os dias. A cidade é organizada, relativamente limpa e tem um ótimo sistema de transportes. Além disso, tem pontos turísticos muito bonitos e uma noite muito agitada.
E depois de um tempo, você se acostuma com o jeito frio das pessoas, o modo grosseiro como atendem nos bares e nas lojas (que às vezes irrita e é o que mais me incomoda aqui) e com os horários malucos que se tem aqui para almoçar e jantar (e consequentemente, isso influencia no horário de aulas e de funcionamento de quase todos os serviços).
Verdade seja dita, as pessoas na rua costumam ser simpáticas e atenciosas, principalmente nos pontos turísticos, onde fica ainda mais claro que você é estrangeiro. Quase sempre, caminhando pelas ruas em busca de uma atraçao, recebi as informaçoes solicitadas com muita educaçao e sorrisos no rosto.
Quando se tem muitas coisas pra conhecer o relógio sempre corre contra. Mas por enquanto tudo bem: ainda tenho mais 5 meses.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Atocha



Esqueci de falar que no sábado pela manha, antes de ir ao Reina Sofía, eu passei na Estaçao de Atocha. Na verdade, como o museu fica a alguns metros da estaçao, aproveitei que era caminho pra conhecer melhor o lugar e tirar fotos.

Madrid tem 3 grandes estaçoes de trem: Chamartín, ao norte; Príncipe Pío, no centro; e Atocha, ao sul.

É possível chegar nesta estaçao de metrô ou de trem, no que eles aqui chamam de "Cercanías". As cercanías sao trens modernos que ligam cidades próximas a Madrid, passando inclusive por dentro da cidade. Sao operadas pela Renfe, que é a empresa que cuida da ampla rede de trens da Espanha e que se conecta também com linhas em outros países - no caso de viagens internacionais.

Como a uma estaçao de metrô de onde moro tem uma parada de Cercanías que me leva direto a Atocha, escolhi esse caminho pra ir ao museu. O percurso é rápido e o trem muito confortável.

Nao nego que sempre que pego trem aqui sinto um certo receio. Os atentados terroristas em 2004 foram justamente nas Cercanías Renfe. Claro que depois disso a segurança se multiplicou, mas a verdade é que se alguém por ventura quiser fazer alguma merda, nao é difícil.



Chegando em Atocha, passei no monumento ao 11 de Março antes de sair da estaçao. É uma sala azul com uma cavidade no teto, por onde entra a luz. Olhando de baixo pra cima, é possível ler algumas mensagens escritas por parentes das vítimas, que estao em uma espécie de plástico preso ao "tubo" que faz uma conexao de ar com a rua. É um espaço simples e bonito. E para os madrileños tem uma carga emotiva grande.

A estaçao é enorme e fica perto dos 3 principais museus daqui. Foi de lá que saiu a "La marcha" no VivAmérica.
Por dentro é como qualquer outra estaçao de trem moderna. Por fora tem cara das antigas estaçoes de trem européias - com direito ao relógio com números romanos e bandeira do país no topo. Lembra, inclusive, a de Príncipe Pío, já que as duas sao as mais antigas da cidade.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Domingo turístico


No domingo eu acordei tarde, aproveitando que nao tinha aula e que já tinha deixado o texto pedido pra segunda pronto.

Como nao marquei nada com o pessoal daqui, fiz o que sempre faço nos poucos momentos em que estou em casa sem fazer nada: saio.

Gosto de pegar o guia da cidade, escolher alguma atraçao, colocar a mochila nas costas e sair pra conhecer e fotografar.

Madrid é uma cidade grande e tem muits atraçoes. Até hoje, quase 1 mês depois de chegar aqui, nao conheci todos os principais atrativos. Claro, o fato de ter perdido muito tempo buscando quarto e sair com o pessoal com frequência nao ajuda muito nessa parte de "descobrimento". Mas como ainda tenho muitos meses pela frente, prefiro ir com calma em cada lugar, conhecer bem a regiao e tirar umas fotos legais.

Escolher as melhores e subir pro Flickr é um pouco chato. Mas gosto de pensar que elas estao à salvo de problemas na máquina. E quando voltar ao Brasil e tiver saudade daqui, nao vao faltar fotos pra relembrar cada canto legal da cidade.

Assim, fui aos Jardines del Campo del Moro, que ficam do outro lado do Palácio Real. Já tinha feito um tour pelo lado onde estao a Plaza de Oriente e os Jardines de Sabatine, mas a entrada desse pequeno parque é feita pelo outro lado, perto da estaçao Príncipe Pío.

É um lugar muito bonito. A vista do Palácio lá no alto, com um comprido gramado verde e uma estátua no meio do caminho é realmente linda. E também é um lugar agradável para se passar a tarde, sentado num banco esprando o pôr do sol ou aproveitando a área verde.

Depois das fotos e de percorrer os Jardins já com cara de outono, aproveitei o dia ainda claro pra ir ao norte da cidade conhecer uma Madrid mais moderna. Fui até a Estaçao de Chamartín, onde estive algum tempo atrás para a Cumbre de Flamenco. De lá, percorri alguns metros até a Plaza de Castilha, onde ficam os 2 prédios inclinados chamados Puerta de Europa.

Sao ducaraleo. A sensaçao que dá é de que vao despencar um em direçao ao outro a qualquer momento. Bem legal! E na praça tem um pequeno momumento antigo, que contrasta com o visual do resto da avenida.



Desci a pé a avenida até o Santiago Bernabéu, onde já tinha estado uma vez num dia meio nublado e tirei mais algumas fotos do estádio - que é gigaaaaante. A loja do outro lado do estádio eu já conhecia. 3 andares de artigos esportivos, em especial do clube - claro, por preços pra lá de salgados. Mas sempre vale uma passada pra conhecer. O tour por dentro do Santiago ainda nao fiz. E como custa 15 euros, só vai rolar se sobrar grana. É caro demais só pra conhecer um estádio de futebol, por mais bonito que seja.

Quando o sol se pôs, lá pelas 8 da noite, peguei o metrô de volta pra casa.

domingo, 19 de outubro de 2008

Centro de Arte Reina Sofía


Sábado fui pela primeira vez a um museu aqui.

Com a correria do dia-a-dia e a sensaçao de que sempre há tempo pra ir depois, acabei nao conhecendo ainda uma parte significativa das atraçoes da cidade.

O Reina Sofía era uma delas. Até ontem.

É um dos 3 principais museus de Madrid. No acervo, obras de arte contemporânea e de muitos pintores espanhóis. O museu é muito bonito. Fica num enorme casarao quadrangular, com um bonito jardim no centro. Na frente, uma parede de vidro com alguns elevadores transparentes, criando um contraste legal entre a arquitetura antiga e a moderna. No último andar também tem umas construçoes mais modernas, e imagino que à noite seja muito bonito.

Mas o prédio é o de menos pra se ver ali. Nada menos que Picaso, Miró e Salvador Dalí preenchem algumas alas do museu. E é bastante satisfatório ver de perto muitos dos quadros que eu só estava acostumado a ver nos livros, quando tive aula de Literatura (que acabava falando superficialmente da outras manifestaçoes artísticas de cada movimento pra que se pudesse entender melhor os propósitos de cada um).

A principal obra é a Guernica, de Picaso. É um quadro que todo mundo conhece. E de perto impressiona pelo tamanho. É gigante! E tem uma força de expressao que faz jus à fama. A Guernica fica numa ala dedicada à Guerra Civil Espanhola, junto com fotografias e outros quadros ligados ao tema.

Miró é um pintor que eu desisti de entender. O surrealismo dele é demais pra mim. Os quadros com cara de "qualquer um faria" sao os mais legais. É divertido um tela branca com 2 ou 3 pontinhos pretos custar milhoes de euros. Quem entende de arte diz que o importante ali nao é a qualidade artística, mas sim a intençao. Entao tá. =P
(Nao que sejam feios, é realmente harmônico. Só acho uma supervalorizaçao).

E pra falar a verdade, prefiro os quadros do Salvador Dalí, que sao ainda mais loucos - e na minha opiniao muito mais divertidos. Esse niniguém me convence de que pintava sóbrio. Mas que o resultado era legal, ah isso era. Os quadros sao animais.

Como nao sou nenhum entendedor de arte, pra mim funciona assim: gosto ou nao gosto. E a maior parte das obras do Reina Sofía eu gostei bastante, principalmente algumas desses 3 pintores e outras de artistas menos conhecidos.

Aos sábados a entrada é gratuita a partir das 14:30. A fila é pequena: dá entrar tranquilo e curtir o museu. Ruim é que lá dentro nao se pode fotografar. Entao quem quiser ver as obras melhor tem que buscar na internet ou dar uma passadinha aqui em Madrid.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

¡VivAmerica!


Domingo também foi o dia de encerramento do VivAmerica, um festival realizado na semana que antecedeu o Día de la Hispanidad e que terminou justamente no dia 12.

Em teoria, é um festival para valorizar a cultura dos países ibero-americanos. Na prática, uma tentativa de agradar aos milhares de imigrantes que vivem aqui e, se tem algum senso de história, sabem o quao imperialista é a comemoração do 12 de outubro.

O bom é que os eventos eram quase todos gratuitos ou por preços muito acessíveis. Durante a semana rolou muita coisa, mas não tive tempo de ir em quase nada. Fui com os meus amigos do albergue na segunda à noite ver uma apresentaçao de dança argentina e, como foi um negócio um tanto bizarro, perdemos um pouco a empolgação pros outros eventos.

A parte boa mesmo ficou guardada pro final: La Marcha! Seis trios elétricos com artistas de vários países percorreram as ruas do centro de Madrid. E, é claro, tinha presença brasileira: Daniela Mercury.

Nem preciso dizer o quanto me deixou feliz poder matar a saudade do carnaval de Salvador com uma das artistas que mais gosto. As ruas cheias de gente, todo mundo muito contente, música por todos os lados e bandeiras de todos os países latino-americanos. E os ritmos latinos iam do rock à salsa. Dava pra curtir de todos os sons caminhando só alguns metros entre um trio e outro.

O pessoal aqui não está acostumado com isso – e mal conhece os artistas -, mas muita gente foi às ruas pra ver. Fora os imigrantes que iam acompanhando o desfile, tanto de grupos que se apresentavam no chão quanto nos mini-trios elétricos.


Tinha muitos brasileiros. Como sempre, o povo mais animado. Fazendo barulho, inventando coreografias e abrindo rodas de capoeira. No meio da muvuca, encontrei muitos conhecidos. Os "ecanos de Madrid", a Ana Paula com um outro amigo brasileiro e os gaúchos que conheci no albergue junto com mais alguns brazucas que estudam na Autônoma de Madrid. Todo mundo atrás do trio, como manda a tradição baiana.


E no final foi Daniela quem roubou a cena. Junto com o trio dela ia o maior grupo de gente, tanto brasileiros como estrangeiros que se juntavam à folia e tentavam dançar nossas músicas. Foi o único desfile que estava realmente lotado. E de cima do trio, acompanhada de bailarinas, a cantora ia emendando uma música na outra e puxando os grandes clássicos do carnaval de Salvador – e eu conhecia todos, claro. No meio ainda entraram músicas populares e saudosas, como Aquarela do Brasil, Isso aqui o que é, País Tropical e Brasil (de Cazuza).

Vi muita gente filmando, fotografando ou só parado assistindo de boca aberta enquanto Daniela cantava e dançava muito. Um show.

Em frente à cabine de uma TV que transmitia a apresentação e à Casa América, onde estavam os organizadores do festival, Daniela pediu em espanhol, em alto e bom som que a Europa acabasse com os subsídios e que agisse para um verdadeiro "Livre Comércio" entre os países do mundo. Adorei.

No final do desfile, quando teoricamente as bandas deveriam parar, ela continuou cantando. Como o trio entrou numa parte de acesso restrito, ela veio para a parte de trás, a banda se virou pro público e assim a festa continuou mesmo com o caminhão parado.

Quando os artistas que vinham em seguida se aproximaram, o som parou. Mas antes que a galera dispersasse já se ouvia de novo O Canto da Cidade, Swing da Cor e muitas outras músicas. E depois de um "Gracias, Madrid", o público gritava "¡Otra!", que é como os espanhóis pedem bis. E ela ia atendendo e prolongando a festa, que só acabou quando os caminhões de limpeza – que já tinham passado por todo o percurso – chegaram junto do trio, pouco mais de 3 horas depois dos primeiros acordes brasileiros serem ouvidos em Atocha.


E segunda, no El País, saiu uma pequena reportagem falando do festival. Com o título: Daniela Mercury se convierte en 'la reina de Recoletos'.

Foi muito foda. E bem que eu queria mais.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Día de la Hispanidad


12 de Outubro é feriado nacional na Espanha. É o dia em que eles comemoram a chegada de Colombo à América e todas as conquistas que vieram em seguida e fizeram do país uma das maiores potências colonialistas alguns séculos atrás.

O feriado é chamado por aqui como Día de la Hispanidad. Ou Fiesta Nacional de la Hispanidad. Há na verdade vários nomes pra determinar a mesma coisa. É um dia festivo, em que os espanhóis enfeitam as varandas com bandeiras e muitos saem às ruas vestidos com as cores do país.

Há um desfile militar pelo Passeo de la Castellana, que culmina com a chegada à Plaza Colón, onde o presidente e o Rei asssistem às apresentaçoes. Pouco antes, uma apresentaçao aérea desenha no céu a bandeira do país.

Nao sou muito fa de desfiles militares. Ia quando criança ver os desfiles da Independência todo 7 de setembro e, na época, achava muito legal. Até que cresci um pouquinho e, estudando história, descobri que a nossa Independência nao passou de um golpe fajuto para assegurar que a sociedade se mantivesse estruturada da mesma forma - com direito ao filho do Rei de Portugal como Imperador do Brasil: uma piada.

Nao que eu nao ache importante comemorar a independência. Todo país americano tem mais é que festejar o dia em que se viu livre, em teoria, da exploraçao européia.

Mas a questao é que desfiles militares costumam ser patéticos de um ponto de vista crítico e nao nacionalista. Um monte de enfardado arrogante, desfilando de nariz impinado e com carros, avioes e tanques de guerra que estariam completamente deslocados se a idéia de paz mundial fosse levada a sério pelos países mais ricos.




Enfim, como estou aqui - e viver o cotidiano do país faz parte da proposta -, acordei cedo e fui acompanhar o desfile.

Foi até divertido. Tinha bandinha tocando e tudo. E uns espanhóis mais eufóricos que nao paravam de gritar "¡Viva España!". E eu nao conseguia disfarçar o riso de desprezo diante de coisa tao absurda: comemorar o dia que marcou o início de uma época de escravidao, desmatamento, extermínio de populaçoes inteiras e imposiçao de uma cultura que, para eles, até hoje, é superior.


E nao lhes tiro a razao de comemorar. Afinal, a maior parte do ouro que enfeita os palácios reais e do dinheiro usado para contruir esses e tantos outros monumentos vieram da América. E os espanhóis sabem muito bem disso, mesmo que finjam esquecer quando o assunto é a imigraçao.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

¡Flamenco!


Na semana passada rolou um evento bem legal por aqui.

O Metro de Madrid promoveu a ediçao anual da Cumbre Flamenca, com apresentaçoes de artistas espanhóis prestigiados na Estaçao de Chamartín. O evento era gratuito e pra entrar bastava chegar algum tempo antes pra ficar na fila e retirar o ingresso.

Na quinta, a Bruna e o Silvio - ecanos que também estao estudando aqui - me falaram do evento (que eu nem estava sabendo) e me chamaram pra ir ver a apresentaçao. Daí eu chamei a Ana Paula - uma outra estudante da USP que passou junto comigo e com o Silvio no processo pra Complutense - e fomos nós todos e mais alguns ecanos, que eu mal conheço, à estaçao.

Chegamos um pouco em cima da hora (1h30 antes de começar) e só conseguimos ingressos pra ver pelo telao. A fila estava realmente grande.

Dentro da estaçao, ao lado da sala de apresentaçao, tinha umas cadeiras de onde dava pra assistir pela tela e ouvir a música muito bem. Mas é claro: nao tinha a mesma emoçao.

Daí que eu e a Ana resolvemos voltar no dia seguinte. Chegamos meia hora mais cedo e conseguimos entrar. E ainda conheci a Tatiana, uma brasileira amiga dela que mora há 1 ano aqui e me deu várias dicas sobre a cidade e lugares legais pra conhecer.



Todo mundo sabe que o Flamenco é uma tradiçao española. É uma música muito forte, com um som bem característico e interpretaçoes pra lá de emotivas. O que eu nao sabia é que o Flamenco pode ser apenas cantado. Muitos artistas apenas cantam. Chegam, sentam no banquinho e fazem a apresentaçao dali mesmo. Na quinta, por exemplo, foi só um cantor. Na sexta, teve um bailarino e, em seguida, um cantor.

A verdade é que eu nao curti muito quando eles só cantam. O ritmo da música nao varia e depois de uns 20 minutos já cansa um pouco.

Mas o espetáculo com dança é fantástico. Ainda mais pela dificuldade dos movimentos e pela força empregada nas pernas pra fazer o som. E o bailarino preenche o palco muito facilmente, interagindo mais com a banda e variando os passos a cada cançao. Foi muito legal!




Agora pra terminar de cumprir a tradiçao espanhola, só me falta comer uma boa Paella e assistir a uma tourada.

O fogao (agora) é meu amigo


Olhem!

Esse é o primeiro prato que eu cozinho aqui em Madrid.

Com a subida do euro, o jeito é economizar em tudo. E procurando no supermercado e fazendo as contas, eu descobri que sai muuuuito mais barato comer em casa (mesmo que seja mais trabalhoso e nao sai lá muito gostoso).
O pacote de macarrao custa 0,55 euros. Molho de tomate, tomate, cebola e alho saem relativamente mais caro, mas no fim das contas dá pra ter um almoço decente menos de 3 euros. Falta a carne, que eu nao sei preparar e aqui custa muito. Entao vou tentar variar entre o almoço em casa nos dias que nao tenho aula, e o almoço na facul nos dias em que tenho. E de vez em quando pretendo trazer uns sanduíches de mortadela pra almoçar, já que sao fáceis de preparar e ninguém morrer de almoçar isso 1 vez na semana que seja.
Voltando ao prato: como nao sei cozinhar, as primeiras tentativas foram e continuarao sendo com macarrao, que é o mais fácil de fazer. Fiz este na sexta e até que nao ficou tao ruim. Pela foto dá pra se dizer que está apetitoso, nao?
Tudo bem, saiu um pouco borrachudo e eu fiz mais macarrao do que aguentava comer. Além disso, o molho foi insuficiente e faltou um pouco de sal. Mas essas coisas sao fáceis de corrigir: no dia seguinte já equilibrei as medidas e saiu realmente gostoso (ou foi a fome falou mais alto - o que também é possível. hehe).
¡Que aproveche!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Primeras clases


Essa semana foi a minha primeira de aulas aqui em Madrid.

Apesar de toda a empolgaçao da viagem e das agitadas noites madrileñas, preciso lembrar que vim aqui - em primeiro lugar - pra estudar.

Ou, melhor dizendo, pra aproveitar tudo que o intercâmbio oferece - e isso inclui frequentar as aulas e conseguir os créditos no final do semestre pra pedir equivalência nas minhas matérias optativas.

Escolhi matérias na própria Facultad de Ciencias de la Información, que é a equivalente à ECA daqui. Nas disciplinas, 2 matérias do curso de Publicidad y Relaciones Publicas e 3 do curso de Comunicación Audiovisual.

As de publicidade sao pra complementar minha formaçao em áreas onde eu acho que deveria ter aprendido mais, e as de cinema pra acrescentar conhecimentos novos tanto profissionalmente quanto pessoalmente. E acho que, de maneira geral, você é um profissional melhor quando é uma pessoa melhor, e por isso tou fazendo o possível pra aprender coisas que nao necessariamente vao me fazer desempenhar melhor algo relacionado à publicidade, mas que me darao um conhecimento de mundo maior e, portanto, útil por toda a vida.

No fim, as disciplinas e os horários ficaram:

Teoría de la Información
Seg: 9-11
Ter: 9-11

Lenguaje Publicitário
Seg: 11-13
Quar: 11-13

Movimientos Artísticos Contemporáneos
Ter: 11-13
Quar: 9-11

Narrativa Hipermedia
Seg: 15-16
Quar: 15-16

Narrativa Cinematográfica
Ter: 18-20
Quar: 16-18
(laboratórios práticos às quintas-feiras)


Com essa grade, tenho 3 dias bem puxados e dois dias praticamente livres. De segunda a quarta, passo o dia todo na Facul. Terça, como tem um intervalo grande, dá pra voltar pra casa. Mas se tiver necessidade, posso ficar aqui estudando ou fazendo algum trabalho.

Nos dois dias livres, quero sair por Madrid esquadrinhando a cidade. Vou cada semana a um bairro, fotografar e conhecer de perto as principais atraçoes. Claro que nem sempre isso será possível: ontem passei a tarde aqui na facul fazendo um trabalhinho e hoje vim aqui estudar um pouco de arte, já que nao tenho nenhum conhecimento sólido sobre o assunto e a matéria nao é só ficar olhando quadros. hehe

Ao fim do dia estou realmente exausto. Tinha perdido o ritmo de assistir às aulas já que desde Junho nao fazia isso. E também porque os últimos semestres que tive, em termos de sala de aula, foram bem rasos. Fora que as aulas aqui sao mais puxadas que na ECA. Há uma exposiçao de conteúdo mais consistente e o fato de serem em espanhol dificulta um pouco por enquanto.

5 matérias é também um número acima do que a maioria dos intercambistas faz. Geralmente a galera pega 3. No máximo, 4. Mas resolvi que vou tentar dar conta das 5 e se ficar muito puxado eu largo uma pelo caminho. Me sentiria culpado caso nem chegasse a tentar.

Como nao conheço ninguém e os espanhóis nao sao as pessoas mais simpáticas e acessíveis do mundo, a semana foi um pouco difícil. Me sinto solitário de passar o dia inteiro sem praticamente trocar uma palavra com outra pessoa pessoalmente. Principalmente depois dos dias do albergue, onde pra fazer amizade basta dar um "Hola!" a quem está do lado. E fica mais complicado trocando de sala o tempo todo, já que cada matéria faz parte da grade de uma turma diferente.

Mas tudo bem. As noites ainda sao livres e sempre que dá saio com os meus amigos daqui (inclusive os ecanos). Sem aulas desde quinta, o FDS pode ser prolongado em caso de nao ter muitos trabalhos a fazer.
E claro, o semestre está só começando. Talvez com o tempo eu conheça algum espanhol gente fina. Deve existir pelo menos um.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Haciendo compras


Ir ao supermercado em um país estrangeiro pode ser bastante divertido. E cansativo também.

Sábado à tarde, depois de arrumar todas as minhas roupas no armário e limpar meu novo quarto, fui caminhando até o Carrefour mais próximo, que fica a 1 estaçao de metrô - uns 15 minutos andando.

A novidade começa logo na entrada. Além dos carrinhos já conhecidos, existem outros de menor tamanho, semelhantes às caixas azuis com alça, mas com rodinhas e uma alça mais comprida pra que você nao precise fazer o esforço de carregá-la.

Há que se agradecer à globalizaçao, que permite encontrar produtos que você conhece no seu país em qualquer lugar do mundo. O problema é que o número desses produtos aqui é bem reduzido. Acabei tendo que arriscar algumas marcas desconhecidas e, risco por risco, fiquei com as mais baratas.

A primeira dificuldade é encontrar os produtos que você procura. A disposiçao de tudo no supermercado é um pouco diferente. Claro que as carnes ficam juntas, assim como as frutas e tudo o mais. (Falando em frutas, aqui você escolhe o que quer e precisa pesar numa maquininha para etiquetar a embalagem com o preço, porque nos caixas eles nao fazem isso. Em grandes supermercados, existe um balcaozinho com uma fila e um empregado para fazê-lo. Perda de tempo, na minha opiniao, já que no caixa você vai ter que pegar outra fila - e ainda maior)

O agrupamento é diferente e segue regras específicas às quais os espanhóis estao acostumados - nao eu. A manteiga eu simplesmente nao encontrei, já que nao estava próxima dos paes (onde estavam, por exemplo, queijos e requeijoes). Acabei pegando uma espécie de queijo pra passar no pao que nao era caro e onde na embalagem sequer dizia do que se tratava. Pensei: bom, se está junto com os requeijoes e perto do pao, deve ser comível. Dei sorte.

Outro ponto é que está tudo em uma língua diferente e algumas coisas têm nomes muitos distintos do português. Melancia, por exemplo, se chama "Sandia".
A soluçao para achar o que procurava foi andar por todos os corredores buscando com os olhos o que seria útil.

Pra quem ganha em euros, as coisas sao relativamente baratas. Proporcionalmente, é tudo mais barato ou na mesma faixa de preço que no Brasil. Só algumas frutas saem caro, assim como alguns produtos bem específicos.

O problema é se na sua conta está tudo em reais. Isso faz com que um shampoo de 3 euros saia por 9 reais. E um pacote de pao integral de 1 euro saia por 3 reais.

A vantagem é que algumas coisas vêm em embalagens gigantes. Aqui nao existe embalagem pequena. Os achocolatados vêm em potes de 900g (ou em sachês individuais), enquanto os sucos você pode comprar até 4 litros em embalagem "mega-econômica". Preferi comprar a de 1 litro primeiro pra saber se o gosto era bom...

No fim, comprei algumas maças, bananas e pêras, que sao as frutas mais baratas.
Nesquik (sim, aqui ainda vendem de chocolate também. Além disso, levei muito tempo pra encontrar os achocolatados e dentre eles nao encontrei Nescau. E com a embalagem gigante deve durar até meu último dia em Madrid).

Cereal matinal, que custa menos e ajuda a variar a dieta pao/leite no café da manha.

Shampoo e condicionador (porque nao trouxe do Brasil e me arrependo disso por ter me custado quase 10 reais - aqui nao tem Seda e a única marca que eu conhecia e nao custava tanto era Fructis).

Alguns potinhos de Iogurte (1 euro embalagem com 4).

2 varas de pao.

1 mortadela (prefiro as que vendem no Brasil. O gosto é melhor e parecem menos gordurosas).

1 pacote de pao integral.

1 litro de suco de maça (muito ruim, mas que já foi consumido).

2 pizzas pra 2 dias de almoço.

Gelatina pra sobremesa.

2 litros de leite.


Isso me custou "apenas" 32 euros. Mais de 90 reais.
Mas pelo menos por enquanto eu tenho comida na geladeira.

=)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Mi casa, su casa

Como encontrei um quarto na sexta e nao aguentava mais dormir no albergue, me mudei logo no sábado de manha.

Cansativo pegar novamente todas as malas, ir até o metro, trocar de trens e levá-las no braço até o novo lar. Mas quem se preocupa com isso? Tava tao feliz de poder desfazer as malas que nem me importei de descer as muitas escadas rolantes com as malas pesadas nas maos.

Já falei um pouco do apartamento. Vivem um casal de peruanos que se chamam Raúl e Jésica, e um estudante belga chamado Duc (se pronuncia "dú").

O casal eu conheci no dia em que fui ver o quarto. Sao simpáticos, trabalhadores e muito tranqüilos. Os vejo mais à noite, já que durante o dia trabalham e eu geralmente nao fico em casa. Raúl costuma tocar violao nos tempos livres, mas nao ouço a música porque ele gentilmente usa fones de ouvido e liga o aparelho no computador.

O belga conheci no sábado, depois que fiz a mudança e tentei ter um almoço decente, "em casa", pela primeira vez. É gente fina também. Aluno da Complutense, com eu, mas tem aulas em outro campus, de forma que nao podemos ir conversando no metro. É a primeira vez que mora "sozinho", entao o cara é um desastre na cozinha tanto quanto eu. A diferença é que tenho consciência disso e prefiro comprar coisas prontas pros dias em que vou almoçar em casa. Ele tem um espanhol meio truncado, com forte sotaque francês, o que dificulta um pouco o diálogo. Quando estamos conversando e nao sabemos uma palavra, o jeito é tentar em inglês, porque francês é realmente impossível de entender.


Meu quarto é espaçoso e bate sol toda manha. O guarda-roupas é muito pequeno, mas há um outro móvel onde pude colocar as roupas. No fim, consegui guardar tudo que trouxe de forma decente e organizada. E como na porta tem um espelho, nao preciso ir ao banheiro pra me arrumar.

O quarto nao tem chave, tampouco os móveis. Como estou ali há pouco tempo e nao os conheço tao bem, deixo os documentos mais importantes que nao levo comigo e a parte do dinheiro que trouxe e ainda nao acabou dentro da mala, trancados com cadeado. Prefiro nao arriscar.


Na cozinha, tenho uma prateleira na geladeira e uma parte do armário pra colocar minha comida.
Minha obrigaçao na casa é, como de praxe, manter limpo tudo que usar. Além disso, devo lavar os dois banheiros todas as terças - Duc fica com as quintas e Raúl e Jésica com os fds. O resto da casa é responsabilidade dos donos. Só preciso limpar meu quarto quando quiser e achar necessário.

O bairro é um pouco distante e me incomoda o fato de nao poder voltar andando pra casa. Mas acho que isso é passageiro. Estava muito mal acostumado com a localizaçao do albergue. Na prática, chego na estaçao do metro em menos de 1 minuto. Em pouco menos de 30 chego no centro ou na minha faculdade. De bom tamanho pros padroes paulistanos. Pra voltar das "fiestas", tem um "autobus noturno" que passa no centro e me deixa a uma quadra de casa.

E o supermercado - junto a um shopping - fica a uma estaçao de metro. Caminhando, em 10 minutos.

Agora é me acomodar definitivamente e ir correndo atrás das outras coisas. Hoje já tenho aulas e essa semana ainda preciso arrumar minha vida bancária e comprar um computador.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

¡Tengo una habitación!

Depois de sofrer 11 dias tentando arrumar um lugar pra dormir em paz, até que enfim eu encontrei!

Vi o anúncio pela manha, à tarde liguei e agora há pouco estive no apartamento pra conhecer o lugar.


O apartamento fica ao lado de uma estaçao do metrô, que se chama "Empalme".
É na linha 05 (verde), à esquerda do mapa: http://www.ictp.csic.es/miras2008/metro_madrid.gif
Em menos de 1 min andando estou na plataforma de embarque.

O bairro é um subúrbio de Madrid, mas é tranquilo. É um bairro de trabalhadores e gente de classe média. Pros padroes europeus, média baixa. Mas nao fica abaixo de um bairro simples e digno do Brasil. Pra mim está ótimo.

Em menos de 30 min chego na minha faculdade (cronometrei 23 min dentro do metrô e estou deixando uma margem entre casa-metrô e metrô-sala de aula pra evitar atrasos pra aulas). Chato é que sao 3 linhas, entao é um troca-troca considerável. A parte boa é que nao preciso nem trocar de plataforma. Do modo como foram planejadas as estaçoes, basta sair do trem e esperar o seguinte logo em frente. Nao que isso seja regra em Madrid: em muitas estaçoes a troca de linha chega a ser cansativa, com até 5 escadas rolante pra subir ou descer. Tem umas que você caminha por até 6 minutos, e nem todas as escadas sao rolantes.


O quarto vai me custar 330 euros por mês, com todas as despesas incluídas. Inclusive internet, caso eu compre um laptop por aqui. Nao é barato, considerando a distância pro centro e a valorizaçao do bairro. O do Santiago Bernabéu que quase foi meu custava 315 no total e ficava num bairro excelente de Madrid. Mas, infelizmente, nao rolou. E nao há dinheiro que pague ter um pouco de paz. Nao durmo decentemente há 11 dias e mais um pouco eu ia pirar.

A "habitación" é grande e a casa, espaçosa.

Os donos sao um casal de trabalhadores peruanos que vive em Madrid há 5 anos. Me pareceram gente honesta e trabalhadora. E muito simpáticos também.
Há um estudante da Bélgica em um outro quarto, que eu nao conheci.

A cozinha é bem equipada e terei meu espaço pra colocar minhas coisas. A calefaçao é do condomínio, entao nao dá pra escolher a hora de ligar. Há um responsável por isso que liga uma vez por dia e deixa por algum tempo. Tenho um pouco de receio, mas acredito que nao serei o único a querer quartos quentes no inverno.

O bairro é cheio de imigrantes. Os peruanos me falaram que há muitos dominicanos ali. E que num bairro há 3 quadras moram muitos brasileiros. Com o tempo vou descobrindo.

Me mudo amanha, às 11h. Vou perder uma noite (8,50 euros) no albergue, porque hoje de manha fiz reserva para 2 dias com medo de perder a vaga no fim de semana, quando sempre enche. Mas prefiro ir pro quarto logo e poder dormir bem e tranquilo pela primeira vez desde que cheguei.

Estou realmente exausto.

beijos a todos e obrigado pela força!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Reunión Informativa



Hoje tive meu primeiro compromisso estudantil aqui em Madrid.

Agora há pouco, às 11h da manha, fui em uma reuniao informativa para os alunos estrangeiros da Universidade. A reuniao foi no Pabellón de Gobierno, que fica a uns 10 min caminhando da minha faculdade (Ciéncias de la Información). É um prédio onde funciona todo o aparato burocrático relacionado aos estudantes que vêm de fora para 1 ou 2 semestres na Complutense. Sao aproximadamente 2 mil por ano, que se somam aos 80 mil alunos regulares que a UCM possui.

Como acontece sempre com inscriçoes e coisas do tipo, tenho uma quantidade considerável de papéis pra preencher e entregar em diferentes lugares no processo da matrícula. Por sinal, a matrícula só será feita daqui a 2 semanas, o que me causa um pouco de estranhamento.

É meio bizarro frequentar 2 semanas de aulas sem estar matriculado, mas há uma grande vantagem nisso porque se nao gosto de alguma das matérias que escolhi, posso escolher outra e trocar facilmente até o último dia do mês de outubro. Ou seja, tenho umas 2 a 3 semanas para conhecer as disciplinas e os professores e ver se vale a pena fazer as que escolhi quando me inscrevi pro intercâmbio.

Pela regras, posso fazer praticamente qualquer disciplina de qualquer curso da Complutense, desde que nao haja conflitos de horário. Mas acho que vou ficar com as que já selecionei, afinal me deu trabalho fazer isso e eu gosto da minha grade atual (deixando quinta e sexta livres pra viajar, estudar e fazer os trabalhos). Também quero ter aulas de comunicaçao em outro país tanto pra complementar minha formaçao, quanto pra saber se as aulas serao a mesma enrolaçao superficial que tive no Brasil. E, se forem, tenho tempo pra trocar e escolher outras. Opçao é o que nao falta e quase todas as faculdades da Universidade se encontram na Cidade Universitária onde vou ter aula.

Durante a reuniao, descobri que a matrícula gratuita a que tenho direito nao cobre os 30 euros de taxas administrativas. Pouco, mas pra quem está acostumado a nao pagar absolutamente nada é meio bizarro, ainda mais que a facul aqui também é pública.

Enfim, nao vou negar que me deu aquele orgulho quando me vi sentado numa sala com alunos de muitos outros países, vendo uma apresentaçao sobre tudo que a Universidade oferece e tentando entender como as coisas funcionam por aqui. Nao conseguia parar de pensar: Eu consegui! E isso me deixa muito feliz.

Foto: Rectorado de la Universidad Complutense de Madrid.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Nada facil...

Hoje é meu nono dia em Madrid e eu ainda nao encontrei lugar pra ficar.

A maioria dos lugares que ligo só quer estudantes para um ano, e eu só fico 6 meses. Já liguei pra mais de 40 telefones e a resposta é quase sempre a mesma.

Já estou realmente cansado. Meus pés têm bolhas e minhas pernas gritam de ter que andar. Durmo mal à noite, preocupado, e nao tenho mais saco pra viver a rotina do albergue e manter minhas coisas dentro das malas e com cadeados.

Gastei mais de 30 euros com ligaçoes e até agora foi tudo inútil.

O fds tinha sido bom. No sábado à tarde encontrei um quarto num bairro ótimo. A casa nao tinha sala, a cozinha era minúscula, o quarto mal cabia uma pessoa e a janela dava pra um pátio interno do prédio. Mas eu tinha gostado bastante do bairro por estar no centro da cidade e ser de fácil acesso pra minha facul.

Fiquei de dar uma resposta pra dona no dia seguinte, porque já tinha agendado outra visita. Este era em um bairro um pouco menos cêntrico, mas era perto do estádio do Real Madrid (Santiago Bernabéu) e de fácil acesso também. Como o apartamento era maior e o quarto também - e o preço o mesmo, escolhi esse e achei que enfim tinha um lugar pra morar.

Acertei com a dona, que me pediu uns dias pra tirar umas coisas que ela tinha colocado no quarto e fiquei esperando o dia da mudança.

Até que ontem à noite a filha da puta me avisa que nao ia mais alugar o quarto. "Lo siento".

Por causa dessa vaca, voltei à estaca zero. E pior, perdi o outro que, apesar de pequeno, era satisfatório.

Agora sabe Deus se e quando vou conseguir um lugar decente pra morar. De ontem pra hoje visitei mais 2, mas nao dá. Depois com calma vou detalhar essa busca pq às vezes chega a ser hilário.

Prefiro procurar mais do que viver num lugar sem janela ou num bairro sem ônibus e a 15 minutos trashes do metrô. Ainda tenho um pouco de dignidade, mas nao sei até quando.

Tou bem desanimado.


bjo a todos!

saudades