segunda-feira, 9 de março de 2009

O melhor e pior trabalho do mundo


Depois de muito procurar e mandar currículos, eu finalmente consegui um trabalho!

Recebi uma ligaçao marcando entrevista na terça passada, na quarta fiz uma entrevista rápida num café italiano perto da Plaza Mayor e na quinta já comecei oficialmente a trabalhar.

Meu cargo é de Relaçoes Públicas pra uma mega discoteca de Madrid, chamada Reina Bruja
Na verdade, o que eles chamam de Relaçoes Públicas nada mais é que "promoter". Minha funçao é convidar amigos e conhecidos pra ir à discoteca e entrarem sem pagar.

Perguntando na entrada pela minha lista, eles têm acesso gratuito até 1:30, de quinta a sábado, e ainda contam pontos pra mim. Também posso entregar flyers com o meu nome pras pessoas na rua, e cada uma delas também conta pro meu total.

E mais uma vantagem: eu entro de graça a qualquer hora, e ganho 2 bebidas por noite.

Resumindo: balada gratuita de quinta a sábado com os amigos e ainda duas bebivas. Perfeito, né?

Agora vamos à realidade:

- Eu trabalho com uma meta. Preciso de 15 pessoas por noite ou nao me pagam, mesmo que coloque 14.

- Duplicar o número de convidados nao significa ganhar o dobro. Com 30 pessoas na lista eu ganho só 10 euros a mais.

- 15 pessoas parece fácil. E no Brasil seria, já que as pessoas gostam mais de sair e todas as discotecas sao pagas. Já em Madrid é muitooo mais difícil, porque tem muitas opçoes pra noite e os madrileños nao sao muito chegados em sair de balada.

- Distribuir os flyer na rua é foda. As pessoas estao saturadas de flyers e cartoezinhos distribuídos no centro, e inclusive sao um tanto rudes na hora de dizer "nao". Fora que 99, 9% das pessoas que estao na rua à noite já saíram de casa sabendo o que vao fazer e nao topam mudar de planos.

- Nos arredores da discoteca ficam milhares de distribuidores de flyers. Se eu convido uma pessoa pra entrar pela minha lista mas ela pega um flyer e entra com ele, nao conta pra mim. E muitas vezes as pessoas se sentem mais seguras com o flyer do que em ter que perguntar pela lista de alguém que elas nao conhecem muito bem (e nao posso viver só com os amigos mais próximos...)

- O pagamento é feito a cada 15 dias. Nao tenho contrato e nao conheço quase ninguém da discoteca. Só conheço os meus chefes: um romeno chamado Adriano, que foi quem me contratou e é um Promoter com um cargo acima do meu, responsável por um grupo do qual eu faço parte. E a pessoa acima dele, um espanhol chamado Jesus que eu nao faço idéia de que cargo tenha na discoteca - só sei que o Adriano me apresentou como nosso chefe na sexta-feira e nada mais.
- O meu chefe sempre dá uma volta pela discoteca pra falar com os promotores e ver com quem eles estao. E ele inclusive comenta coisas do tipo: "Essas duas garotas estao ótimas, sao bonitas. É esse público que você tem que trazer mesmo".
- E por fim, a discoteca é um daqueles lugares onde podem te barrar só porque você nao está vestido adequadamente - em outras palavras, dentro do que o segurança na porta considera adequado. Eu abomino esse tipo de convençao social e nao costumo ir a esse tipo de lugar. É a coisa mais patética do mundo ter que ir a uma discoteca com sapato social, por exemplo, que é super desconfortável e muito pouco jovem. Inclusive quando fui lá, como cliente, entrei com a roupa que tava e ninguém falou nada. E nas outras discotecas de Madrid também. Mas nunca se sabe.

No próximo post conto os meus primeiros dias de trabalho.

A foto é do interior da Reina Bruja. O ambiente é super legal: as paredes e pilastras mudam de cor constantemente e a pista de dança é enorme. E tem dançarinas com pouca roupa e gogo-boys também...

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