terça-feira, 10 de março de 2009

Brigando com a Lei de Murphy

Meus primeiros dias de trabalho foram uma verdadeira odisséia.

A minha idéia inicial de ir nos albergues e deixar a lista pras pessoas se inscreverem pra discoteca nao deu certo. Fui em vários na quarta-feira, e só um autorizou colocar a lista. Em geral eles nao permitem de deixar a lista, alguns nao permitem nem publicidade porque têm eventos próprios, e outros só aceitariam se fosse pra ganhar comissao.

O bom é que na quinta descobri que nao preciso do nome das pessoas na lista. Basta que elas cheguem e entrem perguntando pelo meu nome pra que conte pra mim. Engraçado é que meu chefe nao tinha deixado essa parte clara e, na minha inexperiência, eu nao perguntei e entendi tudo errado - afinal, no Brasil e na maior parte das discotecas você tem que colocar seu nome através do site pra ter algum benefício.

Na quinta, tentei convencer muita gente mas nao rolou. Cheguei a ter 8 pessoas, mas como achava que teria que levar as 15, 4 desistiram e fiquei só com 4. Só que na porta o segurança nao deixou a Mari e a Talita entrarem porque estavam sem documento original e nao vale carteiriha de estudante. Aí eu me retei e fui com elas, que sao ecanas, e com os outros ecanos e conhecidos pra Joy, que é outra discoteca.

Na sexta, consegui 8 pessoas, porque dois amigos entraram duas vezes. Mas nao pagam proporcionalmente, entao nao rola. O lance de entrar mais de uma vez foi acidental, nao foi por mal. É que 2 amigos eles chegaram antes, entraram. Aí saíram pra entrar com mais duas pessoas e entraram de novo. Só que 3 foram embora e 1 ia ficar lá dentro sozinho, aí saiu pra me esperar, e logo este quando resolveu entrar nao pôde por estar sem documento.

No sábado, eu fui num aniversário de um brasileiro, o Marcos, que conheci na quinta-feira na Joy e já entrou pro meu grupo de amigos aqui. Tinha milhares de pessoas. Fiz social, falei com um monte de gente. Consegui um grupo de 15 pessoas pra levar junto comigo e ainda tinha uma italiana que pediu 10 flyers pra ir com os amigos dela.

Quando chegamos na porta, o segurança olhou pra mim e falou: com esta roupa você nao entra aqui nem pra trabalhar. Foi uma putaria, chamei meu chefe, falei que era ridículo, que nao tinha o menor sentido isso. Eu estava com uma blusa preta, uma calça tactel preta e um tênis preto. Super elegante, só nao estava vestido pra ir a um casamento, afinal aquela merda é uma discoteca!

E cansei de ver gente de camiseta e calça jeans lá dentro. Enfim, meu chefe ainda me deu bronca, falando que eu nao tava bem mesmo e querendo saber pq eu nao fui com a mesma roupa do dia anterior. Aí eu disse que estava com a mesma calça e o mesmo sapato, e ele nao acreditou. E ficou nessa. Aí eu disse: blz, vou pra casa, troco de roupa e já volto, tudo bem? Tudo.

Mais um problema: advinhem se as 15 pessoas que eu ia colocar estavam com documentos originais? A maioria era de fora da Espanha, sao estudantes de intercâmbio também. Entao saem com a carteirinha de estudante, onde tem foto, data de nascimento e nome completo, e levam junto o cartao do metrô que é um documento oficial. Mas nao puderam entrar, e como nao iam entrar 4 e deixar 11 do lado de fora, nao entrou ninguém.

Fiquei PUTO, e falei pro meu chefe que nao tem condiçoes de trabalhar assim, que era ridículo o lance da roupa, que eu estava melhor vestido que a maioria das pessoas que entravam com calça jeans (e sim, jeans pode, tactel mais elelgante, nao). E falei que era injusto eu ter ralado pra caramba pra colocar as 15 pessoas e por causa de um segurança fdp eu nao receber meu salário. E que além do mais era a maior queimaçao, porque a maioria dos barrados nunca mais ia querer voltar ali. Enfim, nao entrei e nao troquei de roupa. Fui pra casa e dormi revoltado.

Só que no domingo comecei a contar as pessoas que tinham ido mesmo e cheguei a um número de12 pessoas.

Sendo que a italiana que pediu os 10 flyers estava presente. E como ela nao iria sozinha, se ela foi com mais 3 amigos eu bati a meta. Aí liguei pro meu chefe pra perguntar se ele tinha conferido minha lista e ele disse que nao. Falei que confirmei com as pessoas e que tenho certeza de que foram mais de 15. E perguntei se tem problema o fato de eu nao ter entrado na discoteca, porque em teoria eu teria que entrar e ficar 3 horas lá dentro. Aí ele falou que acha que nao, que ia perguntar ao Jesus, que é o mandachuva, pra saber da lista e se teria algum problema eu nao ter entrado.

Sei lá. É muita frescura. Eu odeio esse tipo de ambiente onde as pessoas sao barradas porque um segurança quarentao frustrado nao vai com a cara delas. Nao voltaria nunca mais se nao trabalhasse ali. O que nao falta em Madrid é lugar pra sair. E apesar de curtir ir pra discotecas, ir pra Joy toda quinta já me satisfaz e sempre entramos grátis. E eu nao faço a menor questao de sair de balada 3 dias na semana, porque uma hora enjoa.

Fora que tou com medo de nao me pagarem, porque é muita enrolaçao, cada dia tem novidade pro meu lado e eu já vi que o segurança nao vai com a minha cara - sempre que eu estou junto ele faz de tudo pra prejudicar meus convidados, e quando eu nao estou a coisa muda (as espanholas que moram comigo, por exemplo, tinham uma amiga sem RG e que ele deixou entrar só com o cartao do metrô).

Vou tentar mais uma semana. Com o lance da lista aberta, posso montar excursoes dos albergues pra lá, e minha principal idéia é levar os alunos de intercâmbio através da ESN. Essa semana passo pra falar e tentar conseguir isso. E se levo gente na quinta, ótimo. Já ajuda a reduzir as listas de sexta e sábado.

E se nao pagarem esse fds, depois dos "15 dias", adiós e nunca mais.

Continuo procurando trabalho. Afinal, nao dá pra me matar de fazer social e ganhar, na mehor das hipótesis, só 120 euros. Prefiro ser garçom: ganharia muito mais mesmo trampando mais, mas pelo menos o dinheiro seria certo e eu poderia continuar fazendo amizade com as pessoas por prazer, sem obrigaçao de chamar elas e saber que sua presença me traz alguma vantagem.

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