quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Encontro ecano, com direito a bis

Encontrar brasileiros pelo mundo é a coisa mais fácil.

A quantidade de pessoas que vivem fora do país ou que estao viajando a turismo, estudos ou negócios é enorme.

Aqui em Madrid eu sempre vejo muitos brasileiros no metro, algumas vezes nas ruas e, principalmente, nos pontos turísticos.

O que nao dava pra imaginar era que eu ia encontrar um ecano perdido pela Europa por duas vezes em lugares totalmente diferentes.

Há agumas semanas, estava na praça entre a Catedral de la Almudena e o Palacio Real e vi um rosto que achei conhecido. Até aí tudo bem, é normal achar que já se viu alguém em algum lugar alguma vez na vida. Mas quando o "conhecido" veio falar comigo, descobri que era o Caio, um ecano do CJE que fez espanhol na mesma turma que eu no único semestre em que participei do curso.

Eu nem sabia que ele tava aqui na Espanha, e a recíproca era verdadeira! No fim descobri que ele estava estudando em Barcelona mas resolveu trocar o segundo semestre letivo por uma volta de alguns meses pela Europa. O sonho de qualquer um! haha

Beleza. Já era uma coincidência bem grande estarmos no mesmo lugar na mesma hora e em Madrid.

Mas o mais engraçado foi subir na Torre Eiffel, em Paris, e ver um gorro roxo e amarelo passando em meio à multidao, no primeiro piso. Reconheci as cores ecanas na hora. E era o Caio de novo!

Tem coisas que só a ECA explica.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Paris, je t´aime!


Quarta-feira à noite eu embarquei pro que seria a viagem mais fantástica da minha vida, até hoje. Fui com o Eduardo, um amigo brasileiro, à cidade das luzes. Paris!


É impossível descrever com palavras. A cidade é tudo aquilo que as pessoas falam. E muito mais.

Andar pelos quarteiroes de boulevares e encontrar a cada esquina um ponto turístico surpreendente e fascinante é indescritível. Caminhar pelas ruas que fizeram parte da história da cidade - e do mundo - é incrível! E nada supera a emoçao de estar ali, sentindo no ar o charme e o encanto próprios de um lugar que nao parece fazer parte do nosso mundo.


Podem achar exagero ou deslumbramento, mas a verdade é que me apaixonei de uma forma pela cidade que sinto até uma ponta de tristeza por ter voltado a Madrid. O tempo todo eu só conseguia pensar: "Caralho! Eu tou em Paris!". E a frase mais frequente que me vinha a cabeça era: "Olha isso! Que fantástico!".


Se me restava alguma dúvida sobre um lugar onde eu gostaria de viver, hoje já nao há mais. Nao sei quando, mas um dia vou morar ali. Até enjoar. Se é que isso é possível.

Nos hospedamos na casa do Léo, um amigo que conheci aqui e que faz doutorado na Sorbonne.


Ele mora a algumas quadras da Place de la Bastille, de modo que ficamos num ótimo lugar de onde dava pra ir a pé tranquilamente a várias atraçoes da cidade.

Os 2 primeiros dias foram de intensas caminhadas, com paradas ocasionais para comer. Passávamos o dia inteiro seguindo pelas ruas em busca de cada atraçao, parando pra tirar fotos e nos surpreendendo a todo momento.
Descrever as atraçoes vai soar repetitivo e a maioria delas nem vai entrar no relato. Nao há adjetivos suficientes pra falar do Arco do Triunfo, majestoso no final da Champs Élysées, ainda mais bonita à noite.


E da Madeleine e do prédio da Assembéia Nacional, um de frente pro outro e com as mesmas colunas.

E da Place de la Concorde, com o obelisco egípicio dourado e as fontes igualmente brilhantes.




Petit Palais, Gran Palais, Pont Alexandre III. Monumentos de uma cidade que já foi a capital de um império rico e cheio de ostentaçao, onde tudo o que brilha de fato é (ou já foi) ouro.



O Rio Sena é lindíssimo, cortando a cidade no meio, cheio de pontes com estilos diferentes e igualmente majestosas.




Notre-Dame, Hôtel des Invalides, Saint Chapele...tudo praticamente às suas margens, onde caminhar a qualquer hora do dia era uma experiência maravilhosa.





Ah, e o Museu do Louvre! Gigantesco, fascinante por dentro e por fora. Tivemos a sorte de terem liberado as fotos nesse dia, e agora tenho um registro pra sempre com a Monalisa.




Do outro lado do rio, o Musée D´Orsay, mais um entre tantos prédios espetaculares.



Completando a lista de grandes museus, o George Pompidou, com os divertidos e modernos canos coloridos pra fora do prédio.






E, claro, a Tour Eiffel! O monumento mais famoso do mundo - e o mais querido por parisienses e turistas. É impossível nao se encantar com o seu tamanho, com a imensa estrutura de ferro cheia de detalhes que oferece duas bonitas vistas de baixo: a partir do Champs de Mars, o comprido gramado verde que vai até a Escola de Guerra, e do Trocadero, o espaço construído pra que todos pudessem admirá-la.



Subir até o último nível e ver a cidade inteira iluminada, à noite, foi uma das experiências mais fantásticas de toda a viagem. Uma emoçao indescritível! Dava pra ver cada atraçao, se destacando em meio aos milhares de Quartiers.




Tem também o Pantheón, com a cúpula gigante, de frente pro Jardin du Louxembourg, onde bonitas flores cercam um imponente palácio.




E a Sacre Coeur, em uma colina ao norte da cidade de onde se tem uma vista espetacular.



Nos arredores de Paris, nao pudemos deixar de conhecer Versalhes, o Palácio construído por Luis XIV, o Rei Sol. Por dentro, magnífico; uma infinidade de salas, quartos e saloes com tetos dourados, portas ornamentadas e imensas pinturas. Por fora, um gigantsco jardim com um lago em forma de cruz cortando o interminável gramado.





No domingo, o Eduardo voltou pra Madrid num vôo cedo e eu saí caminhando sozinho pela cidade, em busca dos poucos pontos que ainda nao tínhamos conhecido.


E, nesse dia, algo que talvez defina bem essa viagem.

Ao chegar na Rue Mouffetard, tradicional recanto de artistas de rua, no Quartier Latin, começou a nevar. Pela primeira vez na vida eu vi nevar. E em Paris!



No meio dos bares, charmosos cafés e barraquinhas de feira, parei pra ver alguns artistas de rua. Um grupo de 4 senhores tocava jazz, enquanto uma senhora vestida de um modo bem parisiense dançava sozinha, um tanto sem jeito, no meio da rua. Parado assistindo à apresentaçao, numa rua onde milhares de artistas ganharam e ainda ganham a vida, me deixei levar pela melancólica melodia.


Pensei em tudo aquilo: Paris, a neve, os artistas, o Quartier Latin. E, rodeado de estranhos e sem o pudor que a companhia de conhecidos inevitavelmente traz, abri um largo sorriso e comecei a chorar.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Madrid, agora de cima

No domingo, aproveitamos o bonito dia de sol para conhecer mais uma atraçao madrileña.

Eu, Francisco, Rea e Karine fomos ao Parque del Oeste, que fica na regiao de Argüelles (a mesma onde estava o albergue) e se estende até a Universidad Complutense, de um lado, e do outro até a regiao de Príncipe Pío.


Lá tem uma pequena estaçao com um teleférico, que faz a ligaçao com a Casa de Campo, o maior parque da cidade, e que está do outro lado do Río Manzanares.

Pegamos o teleférico e curtimos a bonita vista da cidade. No percurso de uns 10 minutos, dava pra ver ao longe a regiao de Moncloa, com o enorme farol (fechado ao público) e os modernos prédios da regiao norte, perto de Chamartín.

Um pouco mais perto, uma linda vista do Palacio Real e da Catedral de la Almudena, que ficam numa parte alta da cidade que se abre na regiao de parques que cercam o Río Manzanares. Do outro lado, podíamos ao longe as montanhas cheias de neve que estao nos arredores de Madrid.

Embaixo, muitas árvores, ruas e, supreendentemente, um trecho do rio que já foi recuperado e refletia o céu azul no meio de bordas reflorestadas.


Na Casa de Campo, nos sentamos em um descampado ensolarado e enquanto aproveitávamos o céu sem nenhuma nuvem, fizemos um piquenique de pao, biscoito, suco, presunto e queijo. Tudo fácil de fazer e barato, como manda a tradiçao.

Depois caminhamos em meio às árvores de copas amareladas em um chao completamente coberto de folhas, típico do outono europeu.


No fim, chegamos a um agradável lago, que oferece um mirante do centro antigo da cidade e encerrou o domingo a tempo de voltar pra casa pra cozinhar e descansar um pouco pro começo da semana.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Segovia

A semana passou corrida como sempre e no sábado fizemos mais uma incursão pelos arredores de Madrid.

Dessa vez, a cidade escolhida foi Segovia, que junto com Toledo e Avila forma o trio de cidades-patrimônio da humanidade a 1 hora da capital espanhola. E meus companheiros de viagem foram Eduardo, Rea e Francisco.

De Príncipe Pio, há um ônibus que por 12,75 leva e traz, percorrendo os 90 Km de distância entre as duas cidades em pouco mais de uma hora.

Diferente de El Escorial e Alcalá de Henares, Segovia não pertence ao mesmo estado que Madrid, mas sim ao estado de Castilla y León, que já foi reino um dia.

A cidade é linda.


Para chegar, o ônibus sobe mais uns 300 metros desde Madrid (que está a uns 630 metros do nível do mar), percorrendo um planalto pouco povoado que se estende dos dois lados da estrada e deixa ver, ao fundo, as montanhas já cobertas de neve.

Da estação de ônibus, fomos primeiro a uma das principais atrações: o imponente aqueduto romano de quase 2000 anos. Cruzando o que hoje é uma pequena praça, a estrutura de pedra gigantesca impressiona pela engenhosidade, pela beleza e, claro, por saber que aquilo está ali há centenas de anos. Segundo consta, o aqueduto se estendia por 14 Km, trazendo a água das montanhas até a cidade.


Do aqueduto, percorremos as estreitas ruas junto à antiga muralha que protegia o povoado até chegar à Plaza Mayor.

É onde está a Catedral de Segovia, que é fantástica. De tão grande, fica difícil até pra enquadrar nas fotos. As torres góticas ricamente ornamentadas e a imponência da catedral são de fazer cair o queixo. É realmente muito bonita em qualquer ângulo.


Um pouco mais adiante, mais uma atração espetacular, pra não perder o costume.

O Alcázar é um antigo castelo medieval que foi moradia dos reis de Castilla y Leon, sobrevivendo a centenas de anos à medida em que ganhava anexos e era ricamente adornado em seu interior.


Uma curiosidade: Walt Disney foi à Segovia antes de construir o parque, e o castelo da Cinderela é inspirado no Alcázar. Se pode notar as semelhanças nas torres cônicas e na torre principal, que funciona como uma fachada.

Foi a primeira vez que entrei em um castelo com fosso, daqueles em que uma ponte liga o exterior ao interior, por cima de uma cratera com mais de 30 metros de altura. Por dentro, tetos de ouro, vitrais, tapetes, antigas armaduras medievais, esculturas da antiga dinastia e peças utilizadas nas intermináveis guerras. Aula de história ao vivo, com direito a boca aberta e uma imensa satisfação.


À parte, a visita oferece uma subida à torre principal. Depois de quase 100 degraus e pouco fôlego – graças mais à altura que à falta de forma – chegamos ao topo, de onde se vê a catedral gótica, os arredores descampados do castelo, uma parte da cidade e as montanhas nevadas.

Paramos um pouco pra apreciar a vista e, quando esvaziou, nos sentamos no chão e comemos os sanduíches e biscoitos trazidos de casa. E eis que, desde então, posso dizer que já fiz uma refeição em um castelo de verdade, mesmo que não tenha sido nenhum banquete de rei. =P

E lá encima, sob o sol forte e o frio das montanhas, não conseguia parar de pensar: não, não é um sonho.

Depois caminhamos um pouco mais pela cidade, saindo do centro histórico para ver as muralhas por fora. Em seguida, voltamos ao aqueduto para mais algumas fotos e para seguir um pouco, caminhando, o antigo trajeto.


Voltamos a Madrid ao pôr do sol, enquanto eu dormia no ônibus exausto e feliz.