sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Trabajos y trabajos...


Final de semestre é sempre uma loucura. E aqui em Madrid nao teria porque ser diferente.

Apesar de aqui eu me dedicar só aos estudos, a verdade é que com todas as viagens, posts no blog, fotos no flickr, recados no orkut e emails, sempre me sobrou pouco tempo livre desde que cheguei na cidade. Ainda mais porque minha carga horária de aulas é muito superior à que eu tinha no Brasil.

Como eu sabia que nao ia ser nada fácil terminar todos os trabalhos e ainda estudar pras provas de fevereiro, comecei a fazer os que eram individuais ainda no ano passado.

O de Narrativa Hipermedia era fácil: analisar a presença da interatividade em uma campanha publicitária. Totalmente dentro do meu campo de estudos / trabalho. Ou seja, tranquilo. O que nao significa simples, já que precisei fazer uma pesquisa, tabular, montar os gráficos e analisá-los, além de estruturar tudo e também estudar um pouco os conceitos teóricos para inseri-los. Ah, claro, e fazer tudo em espanhol.

No final, o trabalho bateu nas 25 páginas e a meu ver ficou bem completo. Entreguei na segunda mesmo à professora - que a princípio gostou muito - e agora é esperar pela nota (que inclui mais 2 trabalhos em grupo, também já apresentados).

Já o de Movimientos Artísticos Contemporáneos foi o mais complexo e difícil que fiz em todo o semestre. O desafio: escolher um movimento ou um artista entre os anos 80 e a atualidade, e fazer o trabalho em cima do tema escolhido.

Escolhi Adriana Varejao, uma artista brasileira, e relacionei sua obra - bastante crítica - com a cultura e a formaçao social do país. E também com o Barroco, que apesar de nao ser contemporâneo, influenciou no trabalho dela.

Como nunca estudei nada de arte antes, foi necessário fazer uma ampla pesquisa nao só a respeito da artista, mas também de todas as influências que ela sofreu, do movimento Barroco no Brasil e da cultura e sociedade brasileiras.

O que desmotiva é que o trabalho nao vale nada em si. É como eles chamam "pra subir nota", ou seja, pra ajudar na nota final que será conseguida através de uma prova - o trabalho deverá ser entregue no mesmo dia.

E fazer mais de 90 slides, caprichosamente, nao foi nada fácil. Mas tudo bem. Aprendi um monte de coisas, fiquei satisfeito com o resultado e ainda pude criticar o colonialismo europeu - na europa - de maneira direta e contundente. Pena que nao será apresentado em sala...

Deixo aqui os links pra caso alguém tenha interesse em baixar e ler. Fica também como prova de que, apesar de toda a diversao e das viagens, nunca deixei de lado meu principal objetivo ao vir pra cá.

Narrativa Hipermedia:
http://www.4shared.com/file/81940112/305f26/Trabajo_Narrativa_Hipermedia_Final.html?dirPwdVerified=48e69eb8

Movimientos Artísticos Contemporáneos:
http://www.4shared.com/file/81941772/ea5be377/Trabajo_MAC_final_5.html?dirPwdVerified=48e69eb8

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sete Almas e uma ilustre presença


No dia 12 de janeiro, primeira semana de volta às aulas de verdade, um convidado especial agitou a faculdade.

Para promover o lançamento do filme "Seven Pounds" ("Siete Almas", em espanhol), fizeram uma pré-estréia aqui na Facultad de Ciencias de la Información, com direito ao astro do filme, Will Smith, respondendo a perguntas dos alunos.


Era só encarar a fila alguns dias antes pra pegar a entrada gratuita e, no dia da pré-estréia, encontrar um bom lugar pra ver o filme no abarrotado Salón de Actos.

Como tudo que envolve Hollywood, o evento teve um forte esquema de segurança, um amontoado de gente do lado de fora vaiando os seguranças que nao deixavam mais ninguém entrar, aplausos, milhoes de flashes, gritinhos histéricos e um pouco de empurra-empurra.


Tudo civilizado dentro do possível, claro.

Ao final da exibiçao, o ator mais bem pago da atual indústria cinematográfica entrou na sala acompanhado do diretor do filme, Gabriele Muccino (o mesmo da "À procura da felicidade") e de dois tradutores.

Simpático, carismático e muito engraçado, Smith respondeu às perguntas, autografou alguns materiais, fez palhaçadas e até se aventurou no espanhol - que ele conhece um pouco.
As perguntas foram quase todas pouco inteligentes e nao relacionadas ao filme. A cara de "saco cheio" do diretor era impagável, e nao lhe tiro a razao: cruzar o Atlântico pra promover uma estréia e se submeter a um monte de baboseiras nao relacionadas deve ser bem chato mesmo. haha

No fim das contas, foi uma tarde bem divertida em que eu matei a saudade de ir ao cinema (já que nao vou a um desde que vim pra cá), e ainda "conheci" o Will Smith, o que nunca imaginei que aconteceria em Madrid!
O filme? É muito bom! Mesmo. E obviamente nao digo isso pela presença famosa na pré-estréia.
A história é um drama sobre um homem que ajuda pessoas desconhecidas aparentemente sem motivo. Forte, pesado e com um bom apelo emocional, vale muito a pena assistir. Critica o individualismo e o egoísmo cada vez maiores da nossa sociedade, enquanto entretém e consegue emocionar.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Nos muros, nas ruas e na fantástica história de Berlim


Depois de milhares de km percorridos e aventuras pelas mais diversas cidades, enfim chegamos a Berlim!

A fantástica capital alema mistura o antigo com o novo e respira movimento por todos os lados. Berlim sem dúvida foi a cidade que eu mais gostei de conhecer nessa viagem de fim de ano. Nao que seja incrivelmente linda. Mas a cidade tem algo no ar. Uma sensaçao de transformaçao e superaçao que nenhum outro lugar tem.

Pelas ruas, os antigos vestígios do muro servem pra que ninguém esqueça de há 20 anos uma das cidades mais importante do mundo estava dividida por uma parede vergonhosa de concreto e violência.


A Est-Side Gallery é o trecho mais longo que sobrou do muro, e se transformou numa obra de arte a céu aberto graças às pinturas de diversos artistas, que expressaram ali suas emoçoes no dia em que o muro, enfim, caiu.


Já na Postdamer Platz, pequenos pedaços de concreto se juntam aos gigantescos edifícios modernos...


...onde se destaca o Sony Center com seu teto modernoso em forma de guarda-chuva.



A praça que hoje é referência em arquitetura, era até pouco tempo atrás um terreno degradado na fronteira entre as duas Berlins - e hoje é prova da supereçao e da reconstruçao da cidade.


Ainda da Guerra-Fria, há registros como a antiga torre de vigia...


...e o Check-Point Charlie, uma passagem fronteiriça entre o lado comunista e o capitalista, na área controlada pelos Estados Unidos.



Desse período também ficou um dos principais símbolos de Berlim: a Torre de Televisao. Construída no lado comunista, a torre de mais de 300 metros pode ser vista de qualquer ponto da cidade.
Na altura de 206m, há um bar e uma vista de 360º. Mesmo à noite, é incrível!


A Torre fica na Alexander Platz, onde está também a prefeitura vermelha (que nao tem nenhuma ligaçao com política)...


...e o "relógio-de-todas-as-horas-do-mundo", inclusive a do Brasil!


Ali perto, a estaçao de trem mais antiga...


...e o bairro Niko, onde nasceu a cidade.



Perto da "Alex" estao também as estátuas de Marx e Engels, gênios do pensamento crítico contemporâneo.



Os alemaes nao querem esquecer sua história. E mantém muitos dos símbolos da Guerra de pé até hoje. Nao só como uma forma de mostrar ao mundo que nao concordam com ela (e assim pedir desculpas), como para que todos entendam que os principais prejudicados, ao final, acabaram sendo eles mesmos.


É por isso que a Igreja Comemorativa resiste no centro da Zoologister Garten. Bombardeada durante a II Guerra, o que sobrou da igreja foi mantido como símbolo pela paz. E o novo e moderno templo onde se celembram as missas hoje funciona logo ao lado.


Na regiao, o famoso Zoológico de Berlim, mais antigo da Europa e onde há pouco tempo nasceu o primeiro urso polar em cativeiro.


No mercadinho de natal montado na praça, provei um prato típico da cidade: salsicha com curry e catchup. Nada muito diferente, mas bem gostoso.


Ainda relacionado à Segunda Guerra, existe o Monumento ao Holocausto. Uma enorme área com blocos escuros de vários tamanhos, onde dá pra se perder nos inúmeros e sombrios corredores.



Da Berlim antiga, nao podíamos deixar de conhecer a Catedral Protestante. A magnífica construçao resistiu às guerras e se impoe às margens do rio, bem pertinho da Ilha dos Museus.



Ali, os antigos edifícios abrigam vários e diversos museus com o melhor da rica oferta de arte e cultura da cidade. Além de ser um lugar super bonito, entre os dois canais fluviais.




Outro monumento antigo é o Obelisco Vitória, que também oferece vistas da cidade.



Já esteve na praça do Parlamento, mas por ordem de Hitler foi movido para a área verde que hoje abriga também uma das sedes do Governo Alemao.


No dia 31, um dos Reveillons mais FODA da minha vida.



Nos juntamos a mais de meio milhao de pessoas na Porta de Brandenburgo, e encaramos as horas de frio intenso à espera do grande momento. Ali encontramos o mesmo casal argentino de Viena (mais uma vez sem combinar, como aconteceu em Praga).



E junto com eles e mais um espanhol e dois primos holandeses que conhecemos no albergue, começamos o ano em meio à alegria dos alemaes, debaixo de fogos de artifício...

...e num dos monumentos históricos mais importantes do país.


No dia seguinte, muita neve deu as boas-vindas pra 2009.
E com o sorriso no rosto visitamos o bonito Palacio Real...
...com as magníficas salas internas reconstruídas...
...os jardins externos...
...e um lago - no momento completamente congelado.


No último dia, o incrível Reichstag.
A casa republicana onde Hitler nunca pisou foi incendiada a mando do próprio para jogar a culpa nos comunistas. Fechado pelo führer no período Nazi, o Parlamento, que é um bonito e imponente prédio, foi quase completamente destruído na II Guerra.


A antiga cúpula foi reconstruída em uma versao moderna de vidro e espelhos, que permite boas vistas da cidade. E nao é à toa que esse é também um dos símbolos berlineses mais importantes.

Aproveitei a espera pelo trem que só sairia na madrugada para, pela primeira vez na vida, patinar no gelo. E foi gelo de verdade, em plena Alemanha! Foi super divertido e as quedas nem foram tantas quanto eu esperava.


No fim da noite, um passeio a pé pelo centro serviu de despedida. E a bonita iluminaçao noturna dos principais monumentos guiou meu caminho até a estaçao, fazendo crescer a vontade de um dia - com certeza - voltar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Praga: bem-vindo à magia da Idade Média


Praga é a estrela do leste. Aclamada por todos como a cidade mais charmosa e incrível do leste europeu, é inevitável chegar na cidade sem as melhores expectativas.

A primeira impressao acabou sendo: nao é tudo isso que falam. Mas sem dúvida é uma cidade lindíssima e que merece a visita. Ainda mais se o visitante, como eu, adora história e se encanta facilmente com os milhares de registros medievais que enchem os olhos por toda parte.


A principal atraçao de Praga é o conjunto que engloba o antigo castelo. No alto da colina, a construçao medieval nos leva de volta no tempo.



Uma boa surpresa logo na chegada é a troca de guarda. Demos sorte de presenciar a cerimônia cheia de pompa, com direito a bandinha tocando e tudo. Muito legal!





Lá dentro, entre a gigantesca catedral gótica, umas das maiores e com o interior mais ricamente adornado...




...e as muitas antigas casas que abrigavam a corte...


...o palácio propriamente dito nao chama tanto a atençao, sóbrio e discreto como toda construçao medieval.


O mais legal é caminhar nas ruelas estreitas de pedra, cercadas de casas justapostas e coloridas, e viajar no agradável clima da cidade. Entrar nas apertadas casas e descobrir lojas de souvenirs e enormes coleçoes de armaduras também diverte muito.


A chegada ao castelo, por sí só já é uma atraçao. Pelas ladeiras coloridas e movimentadas, constantemente cheias de gente, se pode ter uma idéia da arquitetura do casco antigo...




....além de visitar algumas das milhares de igrejas da cidade.


Estas rivalizam com as Torres em número e presença. As construçoes medievais que antigamente protegiam a cidade estao por toda parte, como se tivessem saído de um livro de história.




Aos pés do castelo, o rio Vltava corta a cidade oferece bonitas vistas de ambas as margens, além de pontes com arquiteturas diferentes e cheias de história.



Na principal ponte, protegida por torres dos dois lados...



...dezenas de estátuas vigiam o caminho...


...e uma delas, em especial, convida o visitante a uma carícia que garanta a volta à cidade algum dia. Tradiçoes e costumes que dao charme ao lugar e sempre pedem uma foto.




Um pouco mais longe dali, o bonito Museu Nacional chama atençao no fim da famosa rua de compras.


Mais perto do rio está o Naródni, a antiga Ópera com detalhes dourados brilhando na extremidade superior.


No alto, também está uma muralha medieval protegendo a área que hoje abriga uma torre inspirada na Torre Eiffel.



E lá de cima a vista da cidade e do castelo compensam qualquer frio.


No centro de Praga, a praça mais famosa e tradicional.



Igrejas...


...um conjunto de estátuas...


...o tradicional mercado típico natalino com a árvore de Natal mais bonita da viagem...


...e duas torres medievais com vista panorâmica.


Encantador!


Isso sem falar do fantástico relógio. Construído na Idade Média, o aparelho marca ao mesmo tempo as horas, as estaçoes do ano e até os signos do zodíaco correspondentes. Parece mágico.


E, no final, a curiosidade de cruzar uma outra ponte e ir a um miradouro ainda nao visitado ofereceu a vista que faltava pra cidade me conquistar de vez.


Lá do alto, enquanto o rio se estendia rumo ao horizonte e a vista permitia admirar cada uma das pontes e antigas casinhas medievais contra o sol, eu entendi de uma vez por todas porque Praga é Praga.