quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A volta na Europa em 15 dias

Hoje começa mais uma viagem. Essa é Epela primeira vez, mas também porque vai ser a viagem mais longa que já fiz desde que cheguei aqui.

No total, serao 5 cidades, 4 países e 15 dias de viagem, divididos entre albergues, aviao, trens e estaçoes.

Tou bastante empolgado e com um certo medo do frio que vai fazer. Mas quem liga pro frio com tantos lugares maravilhosos pra conhecer?
Deixo abaixo o plano de viagem, assim vocês saberao onde estarei em cada dia daqui até 03 de janeiro, quando volto.

O blog ficará meio parado até lá, mas assim que voltar atualizo com as fotos e os longos textos de sempre.

Feliz Natal e um 2009 maravilhoso pra todas as pessoas queridas que batem ponto de leitura por aqui.

beijao e "hasta luego"!



Vôo: Madrid-Frankfurt – 18/12


Trem: Frankfurt – Munich - 19/12



Munich: 19 (manaña), 20 (noche)

Trem: Munich - Budapeste - 20/12



Budapeste: 21 (manha), 22, 23 (tarde)


Trem: - Budapeste - Viena - 23/12



Viena: 23 (noite), 24, 25, 26 (tarde)

Trem 26/12 - Viena – Praga



Praga: 26 (noite), 27, 28, 29 (noite)

Trem: Praga-Berlin - 30/12



Berlin 30 (mañana) 31, 01, 02 (noche)

Trem: Berlín – Frankfurt - 03/01


Vôo: Frankfurt-Madrid – 03/01/09

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Un regalo español


Depois de alguns meses de aulas, começam a surgir os primeiros amigos na facul.

Mesmo que nao sejam companheiros inseparáveis como a galera do albergue, fiz alguns em uma das aulas e me divirto bastante com eles.

Como a matéria é optativa, quase ninguém se conhecia e eu fui parar num grupo com o Ricardo e a Elena. O primeiro, que faz Comunicación Audiovisual, acabou trazendo pra matéria mais dois colegas, Martín e Cínthia, que entraram no grupo e me proporcionam várias gargalhadas.

Acabamos nos sentando juntos nas aulas e estamos fazemos os trabalhos em equipe.

Elena, que faz Jornalismo, me apóia na reclamaçao do frio, já que ela é das Ilhas Canárias e também nao está acostumada.

Martín e Cínthia quiseram aprender um pouco de português, e obviamente me pediram pra ensinar primeiro as "palavrotas", os famosos palavroes.

Nem preciso dizer como é engraçado. Ensinei quase todos em português, muitos dos quais sao bem parecidos. E aprendi vários também. Para nao esquecer, sempre fazemos testes de vocabulário.

Numa das últimas liçoes, aprendi peças íntimas: cueca, calcinha e sutia. No meio do corredor, com direito aos gestos indicativos de cada peça. Recentemente aprendi alguns outros palavroes e gírias - que nao vem ao caso já que o blog nao tem restriçoes de idade pra leitores. =P

A verdade é que os espanhóis - em especial os madrileños - sao muito frios, distantes e indiferentes com os desconhecidos. Mas depois de mais aproximaçao - e principalmente se nao forem nascidos em Madrid, como é o caso de Cínthia e Martín também - podem se transformar em pessoas "normais" e muito simpáticas.

Na semana passada, a Elena deu uma caixa de biscoitos feitos por ela mesma de presente para mim e outra pra Cínthia, porque tínhamos nos dedicado mais ao primeiro dos trabalhados apresentados. É engraçado que eles nao estao acostumados a fazer power points e ficaram encantados com o ppt "publicitário" que eu fiz.

A propósito, os biscoitos estavam uma delícia e eu achei uma atitude extremamente amigável.

Já surgiu inclusive a idéia de marcarmos um "botellón" pra levar a amizade pra fora das salas de aula. E nesse caso, provavelmente vai ter sangria no cardápio.

Barcelona! E enfim o Mediterrâneo.

A viagem desse fim de semana foi massa! Eu e o Eduardo saímos na quinta à noite e encaramos as 8 horas de busao na madrugada rumo à capital da Catalunha.

Barcelona! A cidade pra onde eu quase fui estudar e que só agora tive o prazer de conhecer.


Mesmo estando no mesmo país, Barcelona é tao diferente de Madrid que nao dá pra esquecer em nenhum momento que a Catalunha é uma regiao autônoma.

A começar pelo catalao, que na minha opiniao é uma mistura de castellano e francês (mais complicado de estender que o espanhol), tudo é diferente.



A cidade respira arte por todos os lados. Praças, prédios, monumentos. Tudo parece ser pensado pra manter a fama barcelonesa de cidade artística, sobre tudo modernista.

As obras de Gaudí valem a visita de qualquer um. Nao é à toa que ele é o queridinho por lá.


O Parc Güel é espetacular. Todo o projeto, cheio de curvas, detalhes e cores, é encantador. Parece uma cidade imaginária onde qualquer criança (eu, inclusive) gostaria de viver.









De Gaudí tem também muitos outros prédios. Na regiao do Eixample, que é um eixo da cidade cheio de divertidos exemplos de arquitetura modernista, se destacam a Pedreira...



e a Casa Batló.



Esta última é praticamente um sonho.




Inteiramente baseada no mar e na natureza, o edifício todo nao possui nenhum canto reto.


É tudo colorido, curvo e incrivelmente pensado do ponto de vista arquitetônico e artístico.




Por fim, a mais importante: a Sagrada Família.

Mais de 100 anos de uma obra interminável que já é incrível agora, inacabada. Foi a catedral mais alta que já conheci e por fora a mais espetacular.


A riqueza de detalhes esculpidos em pedra, os vitrais projetando luzes no interior e a grandiosidade do projeto fazem da catedral nao só o monumento principal da cidade, mas uma das partes mais legais de conhecer.



O Bairro Gótico é bem legal também. As ruelas estreitas e as construçoes altas e escuras te fazem sentir-se na Idade Média.




As Ramblas, perto de onde ficamos, sao uma grande avenida cheia de bancas que vendem de souvernirs a flores, passando por jornais, roupas e comida. Lá ficam vários artistas de rua e alguns prédios interessantes.


Descendo as Ramblas se chega ao mar. E, enfim, eu senti o gostinho salgado do ar que tanto me faz falta. E o melhor foi ter ido pela primeira vez a uma praia no Mar Mediterrâneo!


De um lado, o Port Vell, antigo porto reformado e super agradável, onde os transatlânticos aportam ao chegar na cidade.



Mais ao norte, o Port Olímpic, perto da Vila Olímpica, separado do primeiro pela famosa praia "La Barceloneta".



Falando em Olimpíadas, nao podíamos deixar de conhecer o Estádio Olímpico - aberto ao público no domingo e com direito a "...We are the champions..." nos alto falantes!




E algumas das estruturas do "Anillo Olímpico", como o Museu e a Pira Olímpica.



Ali perto, subindo pelo Park de Montijüik, chegamos ao Castelo de Montjüik, uma fortaleza com vista panorâmica de toda a cidade.

Foda!



Mais abaixo, o Palácio Nacional, um bonito prédio no alto de uma colina e que tem à frente duas torres venezianas e a Fonte Mágica, um dos momentos mais legais nas noites barcelonesas.



Por duas horas (no inverno), essa fonte fica acesa e produz um espetáculo de luzes, "dançando" de acordo com a música tocada.



E depois disso fica difícil nao se apaixonar pela cidade...



Como se tudo isso fosse pouco, a lista de principal atraçoes da cidade ainda inclui o "Hospital de la Santa Creu i Sant Pau", um maravilhoso prédio modernista Patrimônio Cultural da Unesco.



O Palau de la Musica Catalana, outro patrimônio incrível.



E a Torre Agbar, um prédio cônico com uma iluminaçao colorida.


No sábado, ainda conferimos de perto o agito em volta do Camp Nou, o maior estádio europeu e que naquela noite, lotado com quase 99 mil pessoas, esperava pra ver o clássico Real Madrid x Barcelona.



O Barça ganhou por 2 a 0.


E no final das contas, a cidade ganhou mais um fa.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Más frío que en Finlandia

Essa era a manchete de um jornal desses gratuitos que distribuem no metrô na semana passada, após nevar por aqui pela primeira vez na temporada.

Ilustrando a reportagem, um gráfico com as temperaturas médias do dia anterior em algumas capitais européias. Enquanto a média em Madrid marcava 0º, Helsink, a capital finlandesa quase no pólo norte, marcava 4º.

O fato de ser cercana por montanhas e estar numa altitude superior a 600 metros, além de longe do mar, faz de Madrid uma cidade de extremos.

O calorzao eu nao cheguei a pegar. Sobrou o frio de doer os ossos que nao tem roupa que resolva, já que o rosto sempre fica de fora e eu nao tenho roupas de esqui.

Quando está muito frio dá até desânimo de sair de casa. A vontade é ficar deitado na cama, protegido dentro do quarto pelo calor do aquecedor.

Mas como a vida nao é fácil, lá vou eu entupido de roupa às 8:30 da manha, parecendo uma cebola (com várias camadas sobrepostas), em direçao à Complutense.

O bom é que eu descobri que meu casaco azul, estrela de quase todas as fotos, resiste bem. Principalmente auxiliado por luvas e cachecol. Só quero ver quando tiver que lavá-lo...

Nos últimos dias a temperatura tinha subido pra casa dos 10º, mas ontem voltou a esfriar e já nao passa dos 5º, com direito a gramados meio encubertos de neve pela manha.

Até agora resisti sem crises. Mas admito que o calor faz muita, muita falta.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Abono transportes

Esse é o meu "Abono Transportes", o bilhete único madrileño.

É uma carteirinha com foto, nome e número de identidade (no meu caso, passaporte), que dá direito a comprar um bilhete mensal de acesso ilimitado à rede de metrô, trens e ônibus da capital, de acordo com a zona escolhida.

O lance das zonas é simples. A regiao de Madrid é dividida em 4 zonas: A, B1, B2 e B3. A zona A é praticamente a cidade toda, enquanto as demais sao as regioes vizinhas e bem próximas, fora do centro urbano propriamente dito.

O abono permite usar toda a rede de transportes dentro da zona para o qual foi comprado. Como eu vivo na zona A e raramente vou a algum lugar fora, o meu abono corresponde a ela. Afinal, o preço do bilhete aumenta de uma pra outra nao tem sentido ficar desperdiçando euros.

Pra fazê-lo, a lógica espanhola: apesar de ser algo relacionado aos transportes, a carteirinha só pode ser feita nas tabacarias. Vai entender...

Depois fica fácil. É só passar o código de barras na máquina em alguma estaçao do metrô, pagar com dinheiro ou cartao e receber o bilhete na hora.

Antes de vir eu achava que nao precisaria gastar muito com transportes poque poderia ir caminhando pra qualquer lugar. Depois percebi que a menos que eu morasse no centro, onde é muito mais caro, seria impossível me deslocar sem utilizar ônibus e metrô.

O abono mensal me custa 43,50 euros. Uma facada. Achei absurdo o fato de o desconto valer por idades, e nao por profissao. Assim, quem tem menos de 21 anos paga aproximadamente metade desse valor, enquanto os demais - estudantes ou nao - pagam o valor integral.

Como o preço equivale mais ou menos a 60 passagens (compradas em bilhetes de 10 para que saiam a 0,70 euros; e 2 por dia num mês de 30 dias), resolvi comprar a partir de Outubro. Afinal seria loucura deixar de aproveitar a cidade e o tempo livre pra ficar em casa economizando. E, além do mais, tenho aula 3 vezes por semana, "prácticas" na quinta de manha e venho pra facul sempre pra poder acessar a internet e fazer os trabalhos nos computadores da biblioteca.

A vantagem do abono é poder pagar um valor fixo no início do mês e depois nao se preocupar mais com o número de passagens gastas. Inclusive graças a ele conheci muitas coisas de Madrid nos finais de semana. Acaba sendo bem aproveitado, mas nao deixa de ser um custo alto.

Esse mês, como fico em Madrid só até o dia 18, nao comprei. Em novembro enchi a geladeira e o meu quarto de comida pra nao precisar ir mais ao supermercado. Além disso, passei a trazer o almoço mesmo nos dias em que daria tempo de voltar pra casa e nao saí do quarto no feriado de ontem.

Melhor pra tentar colocar os estudos em dia.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Escorregando no português

Um deslize no mínimo cômico no português de Portugal provou que, ainda que a língua seja a mesma, as diferenças de sotaque e vocabulário sao cada vez maiores.

Estava no metrô conversando com o Diogo sobre a possibilidade de estender o intercâmbio pra aproveitar um pouco mais a viagem.

Num determinado ponto, falei que a melhor forma provavelmente seria trabalhar à noite pra ganhar dinheiro, em algum bar ou discoteca, ou fazendo uns bicos.
Nesse momento, um senhor português sentado ao meu lado me olhou com rabo de olho e deu uma remexida na cadeira.

Só entendi alguns minutos mais tarde. Quando saíamos da estaçao, o Diogo me explicou que em Portugal "fazer bico" tem o mesmo significado de "fazer boquete".

E lá se vai a reputaçao brasileira, ladeira abaixo e europa afora...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sintra


A 30 Km de Lisboa fica a cidade de Sintra, um pequeno povoado um pouco acima do nível do mar e aos pés de uma montanha.




Eu conhecia a cidade só por nome, graças a algumas minisséries brasileiras que se passavam em Portugal (Os Mayas, por exemplo), e só me interessei pela cidade quando a Bia, uma amiga uspiana que estuda em Barcelona, me falou pra esticar a viagem até lá porque valeria a pena.

E como valeu!

O distrito Sintra engloba mais que a cidade em si, e a primeira parte que conhecemos foi por sugestao do Diogo, que já conhece bem o lugar. Pegamos um trem em Lisboa até Caiscais e de lá um ônibus até Cabo da Roca.


A correria pra chegar antes do anoitecer valeu a pena, mesmo que tenhamos chegado alguns minutos depois do sol se pôr.

Cabo da Roca é o ponto mais ocidental do continente europeu. É uma espécie de pracinha com uma pequena casa e um farol, e ambos ficam à beira de uma falésia de mais de 100 metros de altura que desce de uma vez só até o Oceano Atlântico.



Alto pra caramba e totalmente isolado do mundo. Mega adrenalina pular a cerca de segurança pra tirar a foto de cima da pedra. E apesar de eu ficar a uma distância segura do penhasco e caminhar abaixado com todo o cuidado, era impossível fazer isso de forma realmente tranquila.



Além da paisagem e do clima com chuva e fortes ventos, aproveitamos a plaquinha para fazer o registro e provar a nossa "façanha".



No último dia, fomos à cidade propriamente dita. Uma outra linha de trem faz o percuso em 40 minutos e chegamos cedo pra conhecer tudo a tempo de voltar pra Lisboa e terminar as atraçoes da capital.

Sintra é muito legal! A cidade tem 3 atraçoes principais: o Palácio Nacional de Sintra, o Palácio da Pena e o Castelo Mouro.

O primeiro foi casa da família real portuguesa no século XIV, depois de ter sido muito antes uma residência moura. É pequeno e pouco luxuoso, mas interessante pela combinaçao de arquiteturas, já que com o tempo foi sofrendo reformas por parte da monarquia para que se adaptasse melhor ao estilo europeu.



O segundo fica no ponto mais alto da cidade, no topo da montanha, e abrigou a família real no século XIX. Tem uma vista panorâmica - e muito bonita - de toda a cidade, a partir de qualquer lado. E, em especial, do Castelo Mouro que fica bem próximo. A arquitetura tem claramente influência moura também, mas por dentro o Palácio já se aproxima mais do padrao europeu.



Por fim, a atraçao que eu mais gostei: o Castelo Mouro. Mais ou menos do século VII, é uma imensa construçao murada no meio do Parque Florestal de Sintra.



A parte interna está em ruínas, de modo que a visita é feita por cima das muralhas, caminhando no estreito espaço de pedra que separa o vao interior e o imenso despenhadeiro. Nao chegava a ser perigoso, mas o percurso vai subindo e oferecendo uma vista mais bonita da cidade e do próprio castelo a cada ponto de parada pra respirar.
E ventava absurdamente lá em cima, a ponto de ser necessário se apoiar nas paredes de pedra pra nao perder o equilíbrio.


Outra coisa interessante é que pra chegar é preciso percorrer um trecho de pedra, por fora dos muros do castelo e no meio da mata, com indicaçoes bem precárias e um tanto portuguesas. Praticamente um turismo de aventura.


Apesar do cansaço - fruto de intermináveis degraus e subidas - curti bastante a cidade e voltei feliz pra Lisboa depois de mais uma aventura em terras européias.