segunda-feira, 29 de setembro de 2008

El Santa Cruz de Marcenado


Do aeroporto pro albergue foram uns 30 minutos. O ônibus era novo e tinha espaço pras bagagens, o que facilitou muito a vida. Chegou no metrô em uns 15 minutos. Nesse percurso, nada de interessante pra ver, a nao ser grandes avenidas e construçoes mais modernas como em toda cidade grande.


No metrô, desci as escadas puxando as malas e sem me preocupar muito com o barulho que fazia a cada degrau. Comprar o bilhete foi fácil: tem terminais automáticos e é só inserir a moeda ou a nota e retirar sua entrada e o troco.

Peguei a linha indicada e lá se foram mais uns 10 minutos. O trem era novo e os vagoes conectados, de modo que dava pra andar de uma ponta à outra em busca de um lugar. A sinalizaçao é boa e nao difere muito do padrao do metro de Sao Paulo, o que facilita muito.


Na saída, na estaçao Argüelles, pedi informaçao a uma senhora com 2 netinhos e ela nao só me deu a informaçao, como me acompanhou até a rua do albergue, inclusive indicando os 3 elevadores diferentes que precisava pegar para subir da plataforma à rua sem fazer ainda mais esforços. Muito simpática e solícita.


O albergue fica muito perto da estaçao. Uns 2 minutos andando.


O bairro é ótimo. Charmoso, movimentado e bem servido. Tem muitos lugares pra comer, acesso à várias linhas de metro e muitas lojas. Além de ser perto da minha faculdade - venho andando até a biblioteca pra entrar na internet.


O Santa Cruz de Marcenado - como se chama o albergue e a rua onde fica - é barato, limpinho e agradável. Dá pra conhecer muita gente e fazer amigos facilmente. A sala de televisao sempre fica cheia e a maioria está ali mais pra bater papo do que pra ver TV.




O café da manha é comível. Leite quente com chocolate ou café, pao (que eu acho muito duro), geléia, manteiga e uns bolos em pequenos pacotinhos. Bom é que dá pra se servir de novo. Sempre tomo duas canecas de leite e levo um pacotinho de bolo comigo pra lanchar de tarde.

O velhinho que serve as coisas é super mal humorado. Já virou piada interna entre os hóspedes. Mas nao é nada que incomode. É só você pegar a comida e ir pra mesa sem olhar pra cara dele. De vez em quando varia e tem uma moça mais simpática na cozinha.


Há um subsolo, onde servem o café da manha, um hall de entrada com uma sala com mesas e a sala de TV, e 2 andares com quartos. No primeiro ficam as mulheres e no segundo os homens. Nao que seja sempre assim: quando nao há vaga eles misturam. Mas percebe-se que tentam manter essa divisao.


Em cada andar tem um banheiro correspondente, com chuveiro, cabines e água quente. A limpeza é boa, a aparência é quase sempre de limpo.


Os quartos tem tamanhos variados. Nos primeiros dias fiquei em um com 4 camas. Mega apertado, mas é melhor do que ficar com 6 ou 8 pessoas. Além do mais, a galera só costuma ir pro quarto pra dormir mesmo (e considerando que este é um dos albergues mais baratos de Madrid, está de bom tamanho).



Ontem, como tinha acabado minha reserva, tive que pedir mais 2 noites e me mudaram de cama. Por sorte estou no quarto ao lado que é exatamente igual. Mas como nem tudo é perfeito, as pessoas deste nao sao lá as mais simpáticas do mundo. hehe


Por falar em pessoas, sao a melhor parte de ficar em um albergue. Conheci muuuuuita gente e acredito ter feitos amigos para todo o intercambio. Tem gente do mundo todo. O que mais vi foram brasileiros e franceses. Mas no quarto que eu estava tinha um português e por lá passaram um espanhol, um outro brasileiro e um indiano.


É bastante divertido ficar batendo papo à noite no saguao e ir conhecendo as pessoas e os lugares de onde vêm. Bom pra praticar o espanhol, mesmo que muitos ali tivessem a mesma dificuldade pra falar.
As pessoas mais próximas acabaram sendo 1 gaúcho - que conheci no primeiro dia, já estava há uma semana no albergue e também buscava habitación - e um grupo de pessoas totalmente internacional, formado quase todo por estudantes, cada um de um canto, e que também procuravam lugar pra ficar. Há uma francesa, uma suíça, um chileno, um húngaro, uma americana e eu. Complicado é que às vezes a conversa se dá em 3 idiomas diferentes e eu sou o único que fala só espanhol (e português nao serve muito por aqui). A francesa fala francês e espanhol, a suíça fala ingles, francês, espanhol e alemao, o chileno e o húngaro falam inglês e espanhol e a americana fala inglês, francês e um pouco de espanhol.


Como estamos em Madrid, o espanhol predomida e eu agradeço. Em inglês até entendo um pouco, mas nao consigo manter uma conversa decente.


Às vezes saímos à noite também. Há muitos bares por perto e há opçoes para todos os gostos e bolsos. De cervezas a mohitos. E, afinal, estamos numa das cidades com noite mais agitada do mundo.

Amanha acaba minha reserva e gostaria realmente de nao ter que pedir mais noites. Depois de um tempo as pessoas que você conheceu vao saindo, ficar no albergue cansa e tudo que você quer é desfazer as malas e dormir tranquilo à noite sem se preocupar em buscar quarto no dia seguinte.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

¡Bienvenido!


Depois de descer do aviao e pegar o ônibus, fui levado junto com os outros passageiros até a sala da imigraçao. Apesar de aparentemente assustador por todo o problema que houve alguns meses atrás, é um lugar bem tranquilo.


Há vários guichês e basta você ficar na fila para apresentar o passaporte e o formulário preenchido. Fila esta que anda muito mais rápido do que a da Polícia Federal brasileira. E, apesar de uma plaquinha indicando um outro grupo de guichês para cidadaos europeus, acabaram todos na mesma fila.


Na minha vez, entreguei a documentaçao, o policial olhou, me perguntou onde eu ia estudar e eu respondi. Ele carimbou o passaporte e me liberou. Assim, sem estresse, sem falta de educaçao e em menos de 30 segundos. Deu até saudade do Consulado espanhol no Brasil. hehe


Em seguida, subi por uma escada rolante, passei em um grande corredor e peguei o metrô. Há 3 estaçoes de metro dentro do aeroporto. 2 sao gratuitas para os passageiros e ligam os terminais (T1/T2/T3 para vôos nacionais e T4 para internacionais) à parte central do aeroporto, onde está a esteira de bagagens e a terceira estaçao que, enfim, te leva à cidade.




Saindo do trem, foram mais alguns saguoes enormes e escadas rolantes. Tudo novo, moderno e bonito dentro do que se espera de um aeroporto.




Esperei uns 20 minutos pela bagagem. Aproveitei o tempo pra trocar de roupa, já que em SP fazia uns 15 graus e em Madrid estava mais de 25. O saguao principal é a parte mais bonita de Barajas, com grandes círculos no teto por onde entra a luminosidade, colunas compridas de sustentaçao e um vao livre bastante imponente.


Ah, as bagagens saíam nessas grandes esteiras com tótens brancos. E o carrinho tinha uma frescurite: é preciso empurrar a barra onde você segura para baixo na hora de movimentar, senao ele trava e fica ainda mais pesado.


Bagagens na mao e roupas leves, me dirigi ao metro para ir ao albergue.


A estaçao estava sem operar e a atendente me informou que eu teria de pegar um ônibus até a estaçao "Avenida de America" e de lá pegar uma linha até Argüelles, bairro onde estou hospedado. Tudo bem. Se fosse mais fácil nao teria a menor graça. E aí pensei: Aproveito e já vou conhecendo a cidade.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Atención, Pasajeros


Como sou intercambista de primeira viagem, vou contar tudo nos mínimos detalhes. Inclusive as coisas aparentemente mais bobas para quem já passou por isso.


Esse post vai do embarque no Brasil ao desembarque em Madrid.


Quando chegamos no aeroporto, com o prazo de 2 horas de atencedência estourando, havia uma pequena fila no guichê da Iberia. Em uns 10 min fui atendido. A atendente nao era das mais simpáticas (e era brasileira, a propósito). Nao tinha mais lugar nas janelas e nem nos corredores. Azar o meu, que preciso recostar um pouco de lado pra conseguir dormir. E pior foi ter de ouvir que eu era um dos últimos a fazer o check-in, como se eu fosse o maior dos atrasados.


Vôo lotado, claro. E sem esperanças de conseguir uma cadeira vazia ao lado pra esticar as pernas.


A fila do embarque internacional é enorme. Isso porque você precisa entrar numa primeira sala, pegar outra fila pra passar a bagagem de mao no detector de metais e mais uma fila pra passar pela Polícia Federal. Engraçado é que, pra ser atendido pela Polícia Federal, há uma fila pra estrangeiros separada, que acaba andando muito mais rápido. Resumindo: brasileiro se fode até (e principalmente) no Brasil.


Talvez por esse tratamento ridículo e superior que o país costuma dar aos estrangeiros é que fora do país pouca gente tenha respeito por nós. (aliás, esse povo que baba por turista devia dar uma passadinha em consulados ou fazer uma visita rápida ao exterior pra ver como sao as coisas por aqui).


A atendende "simpática" esqueceu de colar o selo "embarque internacional" no meu bilhete, o que acabou me ajudando. Depois da primeira fila, voltei ao guichê para pegar o tal selo e na hora de entrar na segunda fila, pra esteira de bagagens, passei na frente de todo mundo e ganhei umas 30 posiçoes. =p


Lá dentro tem o Free Shop, lojas que vendem tudo em dólar e mais barato, desde que você compre até 500 dólares, se nao me engano. Barato entre aspas, ja que produtos brasileiros para a turistada levar sao caríssimos.


O embarque foi pontual. O aviao é enorme, nunca tinha entrado em um tao grande. As aeromoças eram educadas, mas sem muita simpatia. O espaço entre as cadeiras é maior que nos vôos nacionais. Mas você deixa de achar que é confortável umas 2 horas depois de embarcar e começar a se sentir apertado naquele pequeno vao.


A ceia foi farta com frango, salada, suco, doce, cafezinho e chá. Tudo aos pouquinhos, mas alimentou bem. Na hora do chá, as aeromoças passavam tao rápido repetindo "¿Té?" que eu tive vontade de rir e pensei se elas realmente queriam que as pessoas aceitassem. Ah, elas só falavam espanhol (e raramente traduziam o "pollo" para "frango" e o "té" para "chá").


Haviam 4 banheiros próximos ao meu assento (2 de cada lado do aviao) e levantei várias vezes pra ir até eles. As pernas ficam um pouco dormentes e eu já nao aguentava mais ficar sentado. Aproveitava e me alongava num vao que separa a parte da frente da parte de trás do aviao.


Nao dormi quase nada a viagem toda. O jeito foi me contentar com as revistas (a da programaçao e mais uma de entretenimento) e com o jornal espanhol que distribuíram. Alguns canais de rádio ajudam a abafar o barulho exterior, mas os filmes na TV nao me pareceram nada atrativos. O que me salvou foi o "Ensaio sobre a cegueira" que comecei a ler na sala de embarque. Ah, entregaram um cobertor, um travesseirinho (que eu levei comigo do aviao, ja que esqueci o meu) e uma meia ridiculamente feia, que nao usei porque nao fez frio suficiente.


Já chegando a Madrid, serviram o café da manha. Mais pobre, mas deu pro gasto.

Logo em seguida, distribuíram o formulário de entrada na Uniao Européia e foi a hora de sentir o frio na barriga quanto à imigraçao (mesmo sabendo que com visto é praticamente impossível te barrarem).


Passei o tempo todo tao impaciente pra chegar logo que só quando o aviao pousou em Barajas me dei conta de que estava em outro país, do outro lado do Atlântico e a um passo de dar uma de Colombo às avessas.



Fotos: Aviao visto de dentro do ônibus do aeroporto, após o desembarque.

¡Buenos Sueños!


Hora de cumprir a promessa e começar o blog. \o/


Mesmo antes de me ajeitar completamente por aqui. Mas é que preciso compartilhar as novidades e tudo aqui é novidade o tempo todo.


Além disso, ganho tempo nao precisando responder individualmente a cada pessoa e evito esquecer de detalhes recentes já que a avalanche de informaçoes nao pára.


Ah, e por que este nome? Simples. Quem me conhece sabe o quanto sonhei com este intercâmbio e o quanto estou feliz por estar aqui em Madrid. Outra coisa é que, com o fuso horário, sempre que eu postar de manha vocês ainda estarao dormindo no Brasil. =P


Também cheguei à conclusao de que um intercâmbio de 6 meses é como um sonho. Tudo é fantástico e meio fora da sua realidade. E, quando menos se espera, você acorda e já acabou.


Entao, vou continuar sonhando e vivendo por aqui, aproveitando cada momento sem pensar no dia de acordar. Afinal, o sonho é bom e curto. Mas sempre é tempo de começar a sonhar de novo.


Bernardo